A ansiedade na adolescência é um fenômeno cada vez mais comum. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, os desafios da saúde mental na adolescência estão mais frequentes, pois entre 1 em cada 7 pessoas na faixa etária apresentam queixas sobre.
Em uma fase marcada por intensas mudanças físicas, emocionais e sociais, é natural que alguns níveis de inquietação surjam. Um dos relatos mais comuns é a falta de autoestima na adolescência.
O cérebro adolescente passa por um verdadeiro “canteiro de obras”, com alterações hormonais, neuroquímicas e comportamentais que impactam diretamente o desenvolvimento emocional.
Adicione a isso a pressão das redes sociais, cobranças escolares e incertezas sobre o futuro — e temos um ambiente propício ao surgimento de crises de ansiedade, insônia, irritabilidade e até isolamento.
Neste artigo, vamos explorar o que é ansiedade nessa fase da vida, como ela se manifesta, suas causas e as melhores formas de tratamento.
Ansiedade na adolescência é normal?
Sentir ansiedade na adolescência pode ser considerado parte do processo natural de crescimento. Afinal, essa fase envolve mudanças no corpo, construção da identidade, descoberta de sentimentos e a busca por pertencimento.
É como se o cérebro adolescente estivesse aprendendo sem ter aulas. E isso, claro, gera tensão. No entanto, existe uma linha tênue entre o que é uma resposta emocional saudável e o que se transforma em um transtorno de ansiedade na adolescência.
Quando a sensação de medo, apreensão ou inquietação se torna constante e interfere no sono, nos estudos, nas relações sociais ou na autoestima, o sinal de alerta precisa ser acionado.
Muitos adolescentes não conseguem nomear o que estão sentindo. Às vezes, a ansiedade aparece no corpo: dores de cabeça, taquicardia, suor excessivo, problemas estomacais ou dificuldade de respirar.
Em outras, vem disfarçada de irritação, isolamento social ou mudanças bruscas de humor. Por isso, é fundamental que pais, responsáveis e educadores estejam atentos.
Não se trata de “frescura” ou “falta de maturidade”. A ansiedade é uma emoção, e quando foge do controle, precisa ser acolhida com seriedade e empatia.
Principais tipos de ansiedade nos adolescentes
A ansiedade na adolescência, quando ultrapassa o limite do emocional saudável, pode se manifestar em diferentes formas clínicas.
Esses quadros são chamados de transtornos de ansiedade, e exigem avaliação profissional para diagnóstico e tratamento adequados.
É importante lembrar que cada adolescente é único. Enquanto alguns demonstram sintomas mais físicos, outros apresentam comportamentos de evitação, isolamento ou baixa autoestima.
Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)
No TAG, o adolescente vive em estado constante de preocupação, mesmo quando não há um motivo claro.
Sente-se sobrecarregado por pequenas tarefas, teme o futuro, antecipa catástrofes e pode apresentar sintomas físicos como tensão muscular, dor no estômago e insônia.
Síndrome do pânico
A síndrome do pânico é caracterizada por crises súbitas de medo intenso, sem causa aparente. Os episódios incluem sintomas como taquicardia, falta de ar, suor frio, tremores e sensação de que vai morrer ou “perder o controle”.
Muitos adolescentes evitam sair sozinhos com medo de uma nova crise.
Transtorno obsessivo compulsivo (TOC)
O TOC é marcado por pensamentos repetitivos e angustiantes, seguidos de comportamentos compulsivos para aliviar a ansiedade. Pode incluir rituais como lavar as mãos muitas vezes, verificar coisas repetidamente ou organizar objetos de forma rígida.
Transtorno de ansiedade por separação
Mais comum no início da adolescência, é quando o jovem sente medo intenso de ficar longe dos pais, responsáveis ou da casa. Pode ter sintomas físicos ao ir para a escola, como dores no corpo, náusea ou choro excessivo.
Fobia social
Conhecida como ansiedade social, causa um medo excessivo de ser julgado ou ridicularizado em situações públicas. O adolescente evita apresentações escolares, encontros em grupo ou até interações simples como fazer um pedido no restaurante.
Fobia em geral
São medos intensos e desproporcionais de objetos ou situações específicas — como insetos, altura, lugares fechados ou escuros. Mesmo que o adolescente reconheça o medo como irracional, ele não consegue controlar a reação de pânico.
Agorafobia
A agorafobia é o medo de estar em locais onde seria difícil receber ajuda durante uma crise de ansiedade. Isso faz com que o adolescente evite shoppings, transportes públicos, escolas ou qualquer espaço onde se sinta “preso”.
Estresse pós-traumático (TEPT)
Quando o adolescente passa por uma situação traumática (como bullying, acidentes, luto ou violência), pode desenvolver sintomas como flashbacks, pesadelos, irritabilidade, evitação social e sensação constante de ameaça.
Sinais e sintomas de ansiedade na adolescência
Identificar a ansiedade na adolescência pode ser desafiador. Muitas vezes, os sintomas se confundem com mudanças comuns da idade.
Mas quando esses sinais se tornam persistentes, intensos e começam a impactar a vida do adolescente, é hora de prestar atenção.
Inquietação constante
O adolescente parece sempre agitado, se mexe o tempo todo, não consegue relaxar ou focar em uma atividade por muito tempo. É como se vivesse “acelerado”, mesmo sem motivo aparente.
Insônia ou sono não reparador
Dificuldade para adormecer, despertares frequentes durante a noite ou sensação de cansaço ao acordar são comuns em quadros de crise de ansiedade na adolescência.
Irritabilidade sem motivo claro
Alterações de humor repentinas, respostas ríspidas e impaciência excessiva podem estar relacionadas à sobrecarga emocional e ao aumento do cortisol, hormônio do estresse.
Dificuldade de concentração
Problemas escolares, queda no rendimento e distração frequente são sinais clássicos. A mente ansiosa está sempre pensando no futuro, e isso dificulta a atenção no presente.
Dores de cabeça frequentes
A tensão constante afeta a musculatura e o sistema nervoso, provocando dores de cabeça, enxaquecas ou sensação de pressão na cabeça e nos olhos.
Dores no estômago e alterações intestinais
A ansiedade interfere diretamente na saúde física, principalmente no sistema digestivo. Dor abdominal, náuseas, gases e episódios de diarreia são muito relatados.
Sensação de medo sem causa aparente
Mesmo em situações seguras, o adolescente relata sentir medo, angústia ou um “aperto no peito” que não consegue explicar. Esse medo pode vir acompanhado de sintomas físicos.
Evitação de situações sociais
Ele começa a evitar encontros com amigos, se isola, falta a compromissos ou demonstra insegurança excessiva em falar em público. O isolamento costuma ser progressivo.
Baixa autoestima
A comparação constante com os outros, reforçada pelas redes sociais, pode levar o adolescente a se sentir inferior, inadequado ou incapaz. Isso alimenta a ansiedade.
Mudanças bruscas de humor
Alternância entre euforia e tristeza, risos e choro, podem indicar um emocional desregulado, especialmente quando esses episódios se tornam frequentes e desproporcionais.
Principais causas da ansiedade na adolescência
A ansiedade na adolescência não surge do nada. Ela é resultado de uma combinação de fatores emocionais, sociais e biológicos. Entender suas causas ajuda a criar estratégias de prevenção, acolhimento e cuidado.
Mudanças hormonais e desenvolvimento do cérebro
Durante a adolescência, o cérebro passa por um intenso processo de reestruturação. A área responsável pelo raciocínio lógico ainda está em desenvolvimento, enquanto o sistema emocional está a todo vapor.
Essa combinação contribui para reações mais impulsivas e maior sensibilidade ao estresse.
Exposição às redes sociais
A comparação com padrões irreais de beleza, sucesso e felicidade nas redes pode impactar a autoestima e gerar a sensação constante de inadequação. O medo de não pertencer ou de ser excluído também alimenta a ansiedade social.
Veja mais nosso artigo sobre o impacto das redes sociais na saúde mental e também redes sociais x vida real
Relacionamentos familiares conflituosos
Falta de diálogo, críticas constantes, excesso de cobrança, família tóxica ou ausência emocional podem afetar diretamente o desenvolvimento emocional. A ausência de apoio familiar é um dos principais agravantes da ansiedade.
Bullying e exclusão social
Situações de humilhação ou rejeição na escola podem deixar marcas profundas. O adolescente se sente ameaçado, inseguro e pode desenvolver quadros de fobia social, isolamento ou até mesmo transtorno de estresse pós-traumático.
Traumas e experiências negativas
Perdas familiares, mudanças bruscas, abusos emocionais ou físicos e eventos traumáticos podem deixar o adolescente em estado de alerta constante. O corpo responde com sintomas de ansiedade crônica e medo.
Predisposição genética e histórico familiar
Se há casos de transtornos psiquiátricos ou transtornos de ansiedade na família, as chances de o adolescente desenvolver sintomas aumentam. Isso não é determinante, mas é um fator importante a ser observado.
Consequências da ansiedade na adolescência
Quando não é tratada, a ansiedade na adolescência pode afetar diferentes áreas da vida do jovem, prejudicando sua saúde, autoestima, convivência social e até suas oportunidades no futuro. Por isso, é tão importante reconhecer os sinais e agir com acolhimento.
Problemas escolares
A dificuldade de concentração, a insônia e o medo do fracasso afetam diretamente o desempenho escolar. Muitos adolescentes ansiosos passam a evitar provas, apresentações e até faltam às aulas. Isso pode gerar um ciclo de baixa autoestima e frustração com os estudos.
Isolamento social
A evitação de situações sociais por medo de julgamento, vergonha ou insegurança é comum. O adolescente começa a se afastar de amigos, deixa de participar de atividades em grupo e prefere ficar sozinho. Esse isolamento pode intensificar o quadro de ansiedade.
Uso de substâncias
Alguns adolescentes buscam formas de “fugir” do desconforto emocional por meio do uso de álcool, cigarro ou outras drogas. Embora traga um alívio momentâneo, o uso de substâncias pode agravar ainda mais os sintomas e criar outros problemas graves.
Baixa autoestima e autoimagem distorcida
A comparação constante, o sentimento de não ser “bom o suficiente” e a autocrítica intensa afetam diretamente a autoestima. Isso pode levar a comportamentos autodepreciativos, perfeccionismo extremo e insegurança persistente.
Comprometimento da saúde física
Dores de cabeça frequentes, problemas gastrointestinais, queda de cabelo, tensão muscular e alterações no apetite são apenas alguns exemplos de como a ansiedade e o estresse afetam o corpo. A saúde física e emocional caminham juntas.
Como lidar com a ansiedade na adolescência?
Saber que a ansiedade na adolescência tem tratamento já é um grande passo. Mas antes de buscar soluções prontas, é essencial lembrar que cada jovem é único, e que a escuta empática é o primeiro cuidado.
Se você é mãe, cuidadora, tia ou irmã mais velha, talvez já tenha percebido que dar conselhos nem sempre é o melhor caminho. Às vezes, o adolescente só precisa de alguém que ouça sem julgar.
1. Crie um espaço de escuta e acolhimento
Permita que o adolescente fale sobre o que sente, mesmo que pareça “bobo” para você. Evite interromper, minimizar ou corrigir. Validar o que ele está sentindo já traz alívio.
2. Incentive uma rotina saudável
Sono de qualidade, alimentação equilibrada, atividade física e pausas nas telas são pilares da saúde mental e saúde física. Estimule hábitos sem pressão. Às vezes, um simples passeio com o cachorro já ajuda.
3. Mantenha diálogo com a escola
Muitas crises de ansiedade na adolescência surgem no ambiente escolar. Converse com professores e coordenadores para alinhar expectativas, acolhimento e apoio. A escola pode (e deve) ser uma aliada.
4. Oriente sobre o uso das redes sociais
Ficar comparando a vida real com os filtros do Instagram afeta até a gente, né? Imagine um cérebro em construção. Fale sobre o impacto das redes com leveza, sem demonizar, mas incentivando pausas e consumo mais consciente.
5. Demonstre presença, mesmo no silêncio
Mesmo que o adolescente esteja mais calado ou “na dele”, mostre que você está por perto. Um lanche favorito, um bilhete ou até uma mensagem dizendo “estou aqui se quiser conversar” pode abrir portas.
Tratamento para ansiedade na adolescência
O tratamento da ansiedade na adolescência deve ser individualizado e sempre conduzido por profissionais capacitados. Em muitos casos, apenas a psicoterapia já é suficiente. Em outros, pode ser necessário incluir acompanhamento psiquiátrico e apoio multidisciplinar.
A psicoterapia é uma ferramenta fundamental para ajudar o adolescente a entender o que está sentindo, nomear emoções, desenvolver habilidades de enfrentamento e criar estratégias para lidar com situações que despertam ansiedade.
Ela também contribui para o fortalecimento da autoestima e melhora na relação com a família e amigos.
Além da terapia, práticas complementares como mindfulness, atividades físicas, técnicas de respiração e alimentação equilibrada também ajudam a reduzir os sintomas. E, claro, o apoio familiar continua sendo uma das maiores forças durante o tratamento.
Na Psicoter, você encontra acolhimento e suporte especializado
Se você convive com um adolescente que apresenta sintomas de ansiedade, saiba que não precisa enfrentar isso sozinha. Na Psicoter, contamos com uma equipe de psicólogas experientes, preparadas para oferecer um espaço seguro de escuta, acolhimento e transformação.
Nossas abordagens são fundamentadas na ciência e adaptadas à realidade dos adolescentes — com empatia, leveza e profundidade. O primeiro passo pode parecer difícil, mas é também o mais importante.
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