A ansiedade é um dos transtornos mentais mais comuns no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 264 milhões de pessoas sofrem de algum tipo de transtorno de ansiedade, sendo o Brasil um dos países com maior prevalência.
Esse quadro pode se manifestar por meio de preocupação excessiva, tensão, insônia, crises de pânico e sintomas físicos como palpitações e falta de ar.
A boa notícia é que existem diferentes tratamentos para ansiedade, que variam desde abordagens psicoterapêuticas até tratamentos naturais, homeopáticos e medicamentosos.
O mais importante é que ansiedade não é frescura como muitas pessoas pensam e cada pessoa pode encontrar o método mais adequado para sua realidade, sempre com acompanhamento profissional.
O que é a ansiedade?
A ansiedade é uma resposta natural do corpo diante de situações de estresse ou ameaça. Em níveis moderados, pode até ser útil para aumentar a atenção e preparar o organismo para desafios.
O problema surge quando a ansiedade se torna constante, intensa e desproporcional ao contexto, prejudicando o bem-estar e a qualidade de vida. Nesse caso, estamos diante de um transtorno de ansiedade, que exige tratamento especializado.
Principais tipos de ansiedade
É comum que a ansiedade seja percebida como uma experiência única, manifestando-se de maneira idêntica em todas as pessoas e circunstâncias. Contudo, o DSM-5 classifica os transtornos de ansiedade em uma categoria própria, aqui estão os principais tipos de ansiedade:
- Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): preocupação excessiva e persistente com diversas áreas da vida. Costuma vir acompanhada de inquietação, dificuldade de concentração, tensão muscular e alterações de sono,mesmo diante de evidências positivas, a pessoa sente que “não consegue desligar”.
- Transtorno de Pânico: crises súbitas de medo intenso, acompanhadas de sintomas físicos como palpitações e falta de ar, em poucos minutos, podem surgir sensação de desmaio, calor ou frio, medo de “enlouquecer” ou morrer, e forte urgência de sair do local.
- Fobias específicas: medo irracional de objetos ou situações específicas, como altura ou animais. O medo é desproporcional ao risco real e costuma gerar evitação (ex.: voar, dirigir, ver sangue, insetos). Isso impacta rotinas simples, viagens e oportunidades profissionais.
- Ansiedade Social: medo intenso de ser julgado ou rejeitado em situações sociais, pode incluir rubor, tremor, “branco” mental e forte autocobrança de desempenho.
- Transtorno de Ansiedade de Separação: mais comum em crianças, envolve sofrimento excessivo diante da separação de figuras de apego. Pode aparecer como recusa escolar, choro intenso, pesadelos ou queixas físicas (dor de barriga, dor de cabeça) antes da separação. Também ocorre em adultos, especialmente em transições.
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): pensamentos obsessivos acompanhados de rituais compulsivos. As obsessões são intrusivas (ex.: contaminação, dano, dúvida) e as compulsões (lavar, checar, contar) aliviam a ansiedade apenas por instantes, consumindo tempo e energia, trata-se de um transtorno tratável.
Terapias para tratamento da ansiedade
A psicoterapia para ansiedade é considerada um dos tratamentos mais eficazes para ansiedade, especialmente quando combinada a mudanças no estilo de vida ou, em alguns casos, ao uso de medicação.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
A TCC é a abordagem mais indicada para tratar transtornos de ansiedade. Ela ajuda a identificar padrões de pensamento negativos, substituindo-os por interpretações mais realistas e funcionais.
As sessões incluem técnicas como reestruturação cognitiva, exposição graduada (quando necessário) e tarefas para casa, que consolidam as mudanças no dia a dia.
Por ser focal e orientada a objetivos, costuma trazer ganhos em semanas a meses, e pode ser combinada com medicação quando a intensidade dos sintomas pede um suporte adicional.
Terapia Online
Cada vez mais acessível, a terapia online possibilita acompanhamento psicológico à distância, com eficácia comprovada. É uma alternativa prática para quem tem dificuldade de deslocamento ou deseja maior flexibilidade.
Pode acontecer por vídeo, chamada de áudio ou mensagens assíncronas, permitindo continuidade mesmo em viagens ou em horários apertados. Para funcionar bem, é importante garantir privacidade (um espaço fechado) e escolher profissionais credenciados; muitos terapeutas oferecem primeiros contatos gratuitos para esclarecer formato e plataforma.
Além da comodidade, a terapia online tem mostrado resultados semelhantes à presencial para muitos transtornos de ansiedade, desde que haja boa aliança terapêutica e adesão às tarefas propostas.
Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)
Focada na aceitação das emoções, essa abordagem ajuda a desenvolver maior atenção plena (mindfulness) e a alinhar comportamentos com valores pessoais.
A ACT trabalha processos específicos como aceitação, desfusão (separar-se dos pensamentos), contato com o momento presente e identificação de valores, para promover ações consistentes com o que importa ao paciente. Em vez de tentar eliminar pensamentos ou emoções desagradáveis, visa mudar a relação com eles, reduzindo a evasão e aumentando a flexibilidade psicológica.
Terapia Psicodinâmica
Baseada na psicanálise, investiga as causas inconscientes da ansiedade, muitas vezes relacionadas a traumas emocionais ou conflitos não resolvidos.
A intervenção explora padrões relacionais repetidos, memórias precoces e dinâmicas de vínculo que mantêm a angústia, usando instrumentos como associações livres, interpretação e a observação da transferência na relação entre terapeuta e paciente.
Tratamentos naturais da ansiedade
Tratamentos naturais podem ser usados como complemento à psicoterapia, sempre com orientação profissional.
Mindfulness e Meditação
A prática da atenção plena ajuda a reduzir sintomas de ansiedade e estresse, promovendo maior equilíbrio emocional.
Ao longo do dia, a atitude mindful ajuda a identificar gatilhos precocemente e a interromper ciclos de preocupação — útil tanto em episódios leves quanto como apoio a outras terapias.
Atividade física
Exercícios regulares contribuem para liberar endorfina e serotonina, neurotransmissores que melhoram o humor e reduzem a tensão.
Atividades aeróbicas como caminhada, corrida, ciclismo, exercícios de força e práticas integrativas como yoga têm efeitos complementares: reduzem a tensão muscular, melhoram o sono e funcionam como ativação comportamental, retirando o foco das preocupações e gerando sensação de competência.
Mesmo sessões curtas e frequentes são benéficas, e o importante é escolher algo prazeroso para manter a constância.
Veja 4 exercícios para controlar a ansiedade
Alimentação saudável
Uma dieta equilibrada, com redução de cafeína, álcool e nicotina, favorece o controle da ansiedade e melhora a qualidade do sono.
Manter níveis estáveis de glicose com refeições regulares, incluir fontes de ômega-3, fibras, vitaminas do complexo B e magnésio e evitar excesso de açúcares refinados contribui para estabilidade emocional.
Hidratação adequada e alimentos integrais ajudam no bem-estar geral. Mudanças alimentares drásticas podem aumentar a ansiedade; por isso, alterações graduais e, se necessário, orientação de um nutricionista são as melhores opções para resultados sustentáveis.
Higiene do sono
Estabelecer rotina de sono regular e evitar estímulos antes de dormir ajuda a prevenir insônia e crises de ansiedade.
Criar um ritual noturno como horário fixo para deitar ou levantar, reduzir telas, ambiente escuro e silencioso facilita a queda no sono e reduz a hiperexcitação.
Relaxamento e respiração profunda
Técnicas de respiração, alongamento e até banhos relaxantes contribuem para o controle do estresse.
Pequenas rotinas de alongamento matinal ou pausas curtas ao longo do dia ajudam a dissipar tensão acumulada.
Tratamento homeopático para ansiedade
A homeopatia é uma prática complementar que pode auxiliar no equilíbrio emocional, mas deve ser prescrita por médico homeopata.
Fitoterapia
Uso de plantas medicinais como camomila, valeriana, erva-cidreira e passiflora, conhecidas por seus efeitos calmantes.
Essas plantas são frequentemente utilizadas em chás, extratos ou cápsulas como suporte para reduzir a tensão e facilitar o relaxamento.
A escolha da espécie, da concentração e da forma farmacêutica influencia o efeito, por isso é importante seguir orientação de profissional qualificado.
Florais de Bach
Essências naturais usadas para equilibrar estados emocionais como medo, insegurança e agitação.
Os florais atuam como apoio emocional, oferecendo uma estratégia suave para lidar com estados passageiros de ansiedade; muitos pacientes relatam sensação de maior clareza e estabilidade ao associá-los a outras práticas terapêuticas.
Homeopatia individualizada
Prescrição feita de acordo com os sintomas e histórico do paciente, buscando equilíbrio do organismo como um todo.
O modelo individualizado, o homeopata considera repertório sintomático, personalidade e antecedentes para indicar o remédio e a diluição mais apropriada; isso visa tratar não só os sintomas, mas a forma como a pessoa experimenta a ansiedade.
Como em outras terapias complementares, é recomendável utilizar a homeopatia como parte de um plano integrado — especialmente quando a ansiedade é intensa ou crônica — e manter comunicação com um psicólogo para garantir segurança e acompanhamento adequado.
Remédios para ansiedade
Em casos moderados a graves, os medicamentos podem ser necessários, sempre sob orientação de um psiquiatra.
Antidepressivos
Muito usados em casos de ansiedade generalizada (TAG) e síndrome do pânico, ajudam a regular neurotransmissores.
Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) e os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN) são frequentemente escolhidos como primeira linha para diversos transtornos de ansiedade; costumam demorar algumas semanas para começar a fazer efeito e o benefício pleno pode levar até dois meses.
Benzodiazepínicos
Atuam como ansiolíticos, proporcionando alívio rápido, mas devem ser usados por tempo limitado devido ao risco de dependência.
São úteis quando é necessário reduzir rapidamente a ansiedade intensa ou como ponte enquanto outra medicação (ex.: ISRS) começa a agir, mas seu uso costuma ser recomendado por curtos períodos de apenas algumas semanas para minimizar tolerância e dependência.
Sempre que utilizados, o plano deve prever revisão periódica, a menor dose possível e, quando for hora de interromper, a retirada gradual sob supervisão médica para reduzir risco de abstinência.
Buspirona e estabilizadores
Opções indicadas em quadros específicos, com menor risco de dependência do que os benzodiazepínicos.
A buspirona é uma alternativa usada principalmente em TAG: não traz alívio imediato e não costuma causar dependência como os benzodiazepínicos, por isso é indicada quando há preocupação com risco de abuso.
Outros agentes, como a pregabalina em alguns protocolos, também podem ser considerados para casos específicos, sempre avaliando benefícios e riscos conforme o quadro clínico.
É importante lembrar que todo medicamento tem efeitos colaterais e só deve ser utilizado com prescrição médica.
Qual o melhor tratamento para ansiedade?
Não existe um único tratamento válido para todos os casos. O melhor tratamento depende do tipo de ansiedade, da intensidade dos sintomas e das características individuais. Em geral, a combinação entre psicoterapia, mudanças no estilo de vida e, quando necessário, medicação, é considerada a abordagem mais eficaz.
A escolha prática costuma seguir um caminho individualizado: avaliações clínicas definem se iniciamos intervenções de baixa intensidade (psicoeducação, autocuidados, técnicas de relaxamento) ou se avançamos diretamente para psicoterapia estruturada como a TCC por exemplo e/ou farmacoterapia.
Fatores como comorbidades médicas/psiquiátricas, preferências do paciente, resposta prévia a tratamentos e impacto funcional orientam o plano terapêutico — e o ajuste deve ser feito de modo colaborativo entre paciente e equipe.
Procurar ajuda precocemente, monitorar efeitos e manter comunicação entre profissionais melhora resultados e segurança ao longo do processo.
Como a psicologia ajuda a tratar a ansiedade?
A psicologia oferece ferramentas para o paciente desenvolver maior autoconsciência, habilidades de enfrentamento e controle do estresse. Além disso, possibilita a prevenção de recaídas e a promoção de um estilo de vida mais equilibrado.
A psicoterapia ajuda a ressignificar pensamentos, reduzir sintomas e promover o bem-estar psicológico, sendo considerada peça-chave no tratamento.
Veja também:
- Como lidar com a ansiedade no trabalho
- Tratamento para ansiedade na adolescência
- Aperto no peito pode ser ansiedade!
- Como tratar ansiedade noturna
Perguntas frequentes sobre tratamento da ansiedade
Existe tratamento para ansiedade?
Sim. A ansiedade pode ser controlada e tratada com psicoterapia, mudanças de hábitos, tratamentos naturais e medicamentos, dependendo do caso.
O que é bom fazer para curar a ansiedade?
Praticar atividade física, meditação, técnicas de relaxamento e psicoterapia são estratégias eficazes. Em alguns casos, é necessário uso de medicação.
Veja mais em como curar a ansiedade com a psicologia
Qual profissional trata ansiedade?
O tratamento pode ser feito por psicólogos (psicoterapia) e psiquiatras (medicação e acompanhamento clínico). Muitas vezes, ambos trabalham em conjunto.
Como buscar tratamento para ansiedade?
O ideal é procurar um psicólogo ou psiquiatra de confiança. Plataformas de terapia online também facilitam o acesso a profissionais especializados.
