Ser pai ou mãe não vem com nenhum manual de instruções.
Criar alguém é um tipo de relação que, depois de iniciada, são o tempo e a vida que se encarregam de guiar os melhores caminhos.
O relacionamento parental funciona como um grande quebra-cabeças que vai se preenchendo e se desmanchando ao longo dos anos, sem seguir nenhum padrão ou regra pré-estabelecida.
Assim, os pais acompanham a rotina do seu filho desde o princípio, cuidando, apoiando e observando todos os seus dias.
Lidar com esse crescimento, com as mudanças e tudo que elas englobam pode ser a parte mais difícil dessa criação, afinal os pais projetam muitos sonhos e perspectivas naquela criança.
Isso faz parte dos ciclos desse quebra-cabeça, afinal o pai ou a mãe querem ser agentes ativos naquela história, participantes, porque carregam muito afeto e carinho por aquela pessoa.
Quando é chegada a hora de se despedir, porém, seja porque o filho vai se mudar ou ficar ausente por um motivo, algumas crises podem ser vividas por esses pais, como a síndrome do ninho vazio.
Neste artigo, vamos abordar um pouco mais sobre esse assunto, tentando entender a melhor forma de lidar com isso e evitando maiores sofrimentos para todos os lados dessa relação.
Acompanhe até o fim para entender mais sobre essas emoções, seu tratamento e o sentimento da falta.
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ToggleO que é a síndrome do ninho vazio?
A síndrome do ninho vazio caracteriza um período muito conturbado na vida de pais e mães que precisam lidar com a ausência dos filhos de alguma forma, seja por eles saírem de casa ou, simplesmente, estarem mais afastados e distantes.
Quando esses pais participam tão ativamente da vida dos seus filhos, desde o nascimento até os momentos mais importantes, como: primeiros passos, eventos e conquistas, se torna muito difícil enfrentar essa súbita mudança de relação.
O distanciamento dos filhos, seja por mudarem de comportamento com a idade ou por estarem alcançando novos objetivos que não incluem a família, pode ser um grande baque na vida desses pais.
Isso acontece, porque quem cria um filho busca ser um eterno acompanhante, um exemplo e até admirador dos seus passos, afinal é um grande vínculo e uma relação de muita proximidade.
Um pai ou uma mãe representam fortes raízes e figuras seguras para muitas pessoas.
O mesmo acontece ao contrário: pais veem seus filhos como projeções de si mesmos, mas com características únicas e dignas de muito afeto.
Essas visões tornam essas pessoas muito próximas entre si, além de muito dependentes também, pois crescem juntas convivendo a todo instante.
Isso é muito comum, considerando que o laço familiar serve para esse apoio mútuo e balanceado, colaborando para a evolução tanto dos filhos, quanto dos pais.
Contudo, quando essa relação de constância entre a família é quebrada ou passa por mudanças graduais, ficando mais distanciada no decorrer da rotina, sentimentos negativos podem começar a aparecer.
Essas emoções são naturais no início, afinal é uma mudança muito súbita no cotidiano, o que implica na saudade, no sentimento da falta e, também, no aumento da sensação de solidão.
O problema está na insistência desse sentimento de vazio e de melancolia, porque ele conta com o desânimo e uma grande tristeza que podem evoluir para depressão, grandes crises de raiva ou até alguns distúrbios graves.
Para evitar se ferir e atingir outras pessoas, é crucial aprender a controlar a raiva, os abalos mais fortes e também manter uma rotina de autocuidado.
Esses pontos elevam a autoestima e colaboram com a saúde mental desses pais que, agora, enfrentam um período de luto, por não ter mais tanta proximidade e acessibilidade aos seus próprios filhos.
Quais os sinais e sintomas do ninho vazio?
Os sinais e sintomas do ninho vazio surgem após uma situação onde o filho ou os filhos se tornam mais ausentes na casa ou na vida dos pais.
Independentemente da motivação para esse afastamento, os pais que desenvolvem esta síndrome do vazio tendem a se sentir muito para baixo, pensando constantemente nos filhos, nas suas rotinas e assuntos pessoais.
Isso é muito comum, especialmente nos primeiros momentos, afinal é uma mudança na rotina familiar, além de mexer muito com questões emocionais e de dependência.
Quando criamos um filho, já sabemos que ele irá crescer, se desenvolver, criar a própria independência e, eventualmente, sair de casa.
Entretanto, saber disso não significa que o processo se torna mais fácil.
Ver um filho se tornar independente pode ser muito gratificante, mas também pode gerar muita insegurança e medo de se tornar inútil ou insuficiente para a vida dele.
Pais carregam essa insegurança consigo desde o princípio, porque estão acostumados a vivenciar aquela rotina e, inclusive, a viver em função daquela pessoa que eles dedicam tanto afeto, tempo e carinho.
Dessa forma, quando os filhos saem de casa ou se distanciam dos seus pais, muitos sentimentos ruins preenchem a cabeça deles.
Os sintomas mais comuns relacionados a essa síndrome incluem:
- Insônia: por estar sempre com a mente lotada de ansiedades e pensamentos sobre os filhos e a como eles têm levado a vida, tomado suas decisões.
- Sentimento melancólico: ficam frustrados, então tendem a reviver memórias e pensar constantemente sobre como a vida familiar era diferente antes desse afastamento.
- Tristeza profunda com risco de depressão: por estar vivendo uma espécie de perda, há fortes chances de que esses pais entrem em um buraco, sentindo-se insuficientes e até inconvenientes na vida de um filho.
Esses são sentimentos que podem evoluir para sérios transtornos depressivos, se não forem acompanhados desde o princípio.
- Autoestima abalada: por serem tomados por esses sentimentos negativos, muitos pais deixam de cuidar da própria mente e até da sua saúde física, o que destrói lentamente a sua autoestima.
- Isolamento: quem se sente insuficiente e desnecessário na vida dos outros, sempre irá se comportar como se merecesse ficar sozinho.
Isso é perigoso, porque afasta ainda mais as pessoas ao redor, inclusive os próprios filhos.
Esses sintomas podem ser reconhecidos logo que os filhos saem de casa ou logo que as primeiras mudanças de comportamento começam a aparecer.
Eles afetam as dinâmicas de trabalho, da casa e até do casamento desses pais, dependendo da situação.
Isso porque, mesmo que no casal um torne-se a companhia do outro, ainda pode ser muito difícil lidar com essas sensações de dor e sofrimento.
Ainda que busquem apoio um no outro, talvez não seja o suficiente para superar isso durante o período da síndrome.
De qualquer forma, se essas emoções e pensamentos autodestrutivos insistirem de alguma maneira, é sinal que a saudade está caminhando para um lado mais perigoso.
Nesses casos, é de extrema importância que o pai ou a mãe busque ajuda, pois a evolução desse quadro pode piorar ainda mais a relação consigo mesmo e, também, com os próprios filhos.
Quanto tempo dura a síndrome do ninho vazio?
O questionamento de quanto tempo dura a síndrome do ninho vazio nunca encontrará uma resposta exata.
Isso porque todo o processo de vivência e superação da síndrome dependem única e exclusivamente da relação e da personalidade de cada familiar.
Se uma mulher costuma dedicar boa parte da sua vida aos filhos, sendo extremamente presente e tendo a predisposição de estar ali por eles o tempo todo, pode ser que sofra mais e por mais tempo com essa ausência.
Geralmente, é muito difícil medir o tempo de duração de sentimentos, especialmente quando esses são negativos e podem evoluir para vários quadros relacionados ao bem-estar de uma pessoa.
Com a síndrome do ninho vazio não é diferente!
Alguém que enfrenta essa intensidade de sentimentos ruins, quando se vê longe dos próprios filhos, pode demorar muito tempo para se recuperar se não receber a ajuda necessária.
Por isso a importância de saber cercar-se de coisas positivas, de amigos e situações que ocupem a cabeça.
Isso ajuda a afastar os receios e pensamentos totalmente voltados para o apego com os filhos.
Quais as consequência da síndrome do berço vazio?
As consequências da síndrome do berço vazio englobam muitos problemas para quem vivencia ela, mas também para aqueles que estão ao seu redor.
Crises pessoais, conjugais e até no espaço profissional podem acontecer por conta dos sintomas dessa síndrome, uma vez que ela cria uma grande dificuldade da pessoa se expressar e comunicar seus próprios pensamentos.
Geralmente, mulheres e homens que passam por essa sensação de vazio descrevem um forte sentimento de saudade, mas na prática é muito mais do que isso.
A síndrome do vazio abala diretamente o emocional dos pais, cegando-os quanto aos seus comportamentos obsessivos e pensamentos intrusivos relacionados a vida dos próprios filhos.
A constância desses pensamentos e da saudade aumentam a preocupação desses familiares e, consequentemente, seus níveis de ansiedade.
Isso cria um estado de alerta e, também, de muita vulnerabilidade, deixando-os mais sensíveis às coisas e às outras pessoas também.
Esse sentimentalismo vem da perda, da falta dos filhos, mas principalmente da falta de si mesmo.
Os pais atrelam muito a vida e a existência dos filhos às suas próprias vidas, como se uma fosse completamente dependente da outra.
De fato, nos primeiros anos de vida, os filhos realmente precisam de uma figura de orientação, intimidade e dependência, mas com o passar do tempo precisam conseguir se desprender desse comportamento.
Já no caso dos pais, o perigo mora em outro tipo de dependência: a emocional.
Filhos são motivos de grandes alegrias e motivações para muitas coisas, mas eles não podem se tornar a única razão para viver.
É preciso que os pais aprendam a separar as suas próprias dinâmicas das dos seus filhos, desde a infância, para que essa dependência mantenha-se longe e para que o relacionamento de todos seja saudável e equilibrado.
Isso é importante para que cada um mantenha a sua individualidade ativa, praticando o autocuidado e focando nas suas questões pessoais também.
Uma mãe ou um pai que resumem suas vidas às dos seus filhos precisam passar por esse processo de desapego para melhorar o olhar sobre si mesmo e, acima de tudo, conseguir seguir a vida distante deles.
Isso não é sinal de falta de afeto ou carinho, mas de respeito e preocupação consigo mesmo.
Pouco se fala da saúde mental de pais que lidam com a síndrome do ninho vazio, mas esse é um tipo de tópico que deve ser abordado com mais frequência, afinal é muito comum encontrar pessoas e até casais que lidam com o período.
Como superar a síndrome do ninho vazio e lidar com essa fase?
Para lidar com a síndrome do ninho vazio e supera-la é necessário, primeiramente, que os pais consigam identificar esse cenário.
Perceber a saudade e o sentimento de falta é algo fácil, porque se trata de figuras que carregamos muito amor: os filhos.
Entretanto, notar os comportamentos mais agressivos ou extremamente sentimentais que passamos a adotar com a ausência deles pode ser algo bem mais complicado.
Superar essa síndrome exige um olhar mais interno, o desenvolvimento de uma percepção maior por parte desse pai ou dessa mãe, afinal é necessário entender a origem desses pensamentos e comportamentos.
A melhor forma de perceber esses padrões é através da ajuda de um profissional.
Alguém experiente e com um bom olhar analítico consegue trazer respostas e um grande conforto para esses pais, justamente por tratar da síndrome e de todos os outros problemas que ela reúne conjuntamente.
Uma vez identificadas essas emoções, é chegada a hora de trabalhar com as próprias atitudes, tentando superar pouco a pouco os resquícios deixados pela síndrome do vazio.
O primeiro passo para alguém que busca aliviar as tensões desses sentimentos de insuficiência e tristeza é focar em si mesmo.
Olhar para a sua própria rotina, os seus afazeres, seus desejos e sonhos deve ser crucial para sentir-se melhor.
Pais que se veem nesse conflito interno com a ausência dos filhos, geralmente, também estão passando por problemas na autoaceitação, pois muitos já encontram-se em uma idade avançada e têm dificuldades de lidar com isso.
Daí a importância de realizar esse olhar interno e passar a se reconhecer como pessoa. Não só pai ou mãe de alguém, mas como um ser complexo que também possui ambições, vontades, qualidades e defeitos.
Esse processo é fundamental para que se tome controle da sua própria vida e para que sofrimentos, como a falta dos filhos, se tornem menos dolorosos.
Além disso, outra ótima forma de começar a lidar com a síndrome do ninho vazio é falando sobre ela.
De início, pode parecer completamente impraticável, especialmente se os pais se sentem intrusos ou desconfortáveis em expor seus sentimentos para os filhos.
Entretanto, esse é um importante exercício de comunicação que pode ajudar, inclusive, na melhora da relação entre pai e filho.
Ser honesto com os próprios sentimentos é algo que aproxima e ajuda no desenvolvimento da intimidade, por mais complexo que seja tocar nesse assunto.
Sendo assim, estabelecer essa ponte pode ser saudável para ambos os lados.
Outra maneira de lidar melhor com essa síndrome é resinificando certos olhares.
Um pai ou uma mãe que precisam enfrentar o distanciamento dos filhos necessita criar uma melhor relação entre si e consigo mesmo.
Daí a necessidade de trocar o sentimento de solidão pelo de solitude.
Você sabe a diferença entre essas sensações?
A solidão é o que mais se faz presente, quando esses pais ficam distantes dos próprios filhos.
Esse é um sentimento vazio, que nos deixa tristes e com fortes tendências a acharmos que estamos sozinhos, que somos desnecessários ou sem valor.
É uma perspectiva negativa dentro de qualquer contexto de relação, seja com filhos, amigos ou na vida amorosa, ou seja, nunca é um bom sinal.
Já a solitude, mesmo tendo significação parecida, representa uma escolha positiva de estar bem na própria companhia.
É uma sensação de completude, que gera mais autonomia, independência e autossuficiência.
Durante o processo de cura da síndrome do ninho vazio, quando os pais se sentem excluídos e desnecessários, é importante que foquem nessa sensação de solitude.
Isso porque encontrar carinho e satisfação na própria companhia, ainda que se esteja em um relacionamento saudável com outra pessoa, é muito importante.
Nos mantém equilibrados, com o amor próprio em dia e com a cabeça no lugar.
Aspectos esses que não significam passar a ignorar os problemas ou a se afastar das pessoas, mas simplesmente criar um laço mais firme com suas próprias características e seus momentos sozinho ou sozinha.
Como a psicologia pode ajudar com a ausência dos filhos?
A psicologia pode ser uma grande ajudante no que diz respeito à ausência dos filhos.
Ser pai ou mãe de uma pessoa exige muito de alguém, porque implica em manter uma rotina de cuidados, orientação, afeto, atenção e muitas outras coisas que vão compor a vida daquele ser em formação.
Isso além de ser muita responsabilidade, envolve inúmeras pressões e perspectivas variadas de vida, afinal ninguém projeta e entrega aos filhos o que não recebeu ao longo do próprio crescimento.
Sendo assim, se tornar um participante ativo e responsável na vida de um filho pode ser desgastante e gerar muitas inseguranças.
É aí que entra um espaço de muito crescimento e de organização interna: a psicoterapia.
Um psicólogo não é um professor ou mentor que irá ter as respostas para cada questionamento que uma mãe ou um pai encontrarem no cenário de criação dos filhos.
No entanto, ele será determinante para a organização interna e cotidiana desses pais, auxiliando nos passos a serem seguidos a nas melhores decisões a serem tomadas.
Às vezes, levamos muito a sério o discurso de pais serem indestrutíveis e esquecemos que para eles serem heróis dos seus filhos precisam começar a cuidar de si mesmos, em primeira instância.
Cuidar da saúde mental é algo que fortalece as pessoas das formas mais inesperadas e, por isso, a psicoterapia se mostra uma aliada tão grande de cada um.
Quando alguém enfrenta um problema como a síndrome do ninho vazio, que escancara muitos sentimentos negativos sobre si mesmo, é importante ter um lugar para desabafar e, ao mesmo tempo, se reconstruir.
Dialogar com um profissional capacitado sobre essas inseguranças, os medos e as falhas que acredita ter podem ajudar muito no processo de aceitação.
Cada passo precisa ser dado com cuidado e respeitando os próprios limites.
Pontos esses que podem ser facilmente adquiridos com a ajuda de alguém especializado e com experiência em questões internas e de relação interpessoal.
Ao enfrentar situações assim, de distanciamento entre pais e filhos, até a terapia familiar pode ser recomendada, uma vez que o tipo de relação precisa ser resignificada e reapropriada em uma nova estrutura.
Lidar com esses sentimentos nem sempre será fácil, porque pode exigir exposição e atitude por parte das pessoas, mas esses são detalhes cruciais para um crescimento pessoal e fortalecimento das relações familiares.
Ninguém precisa se sentir sozinho para isso, portanto é necessário respeitar seu próprio espaço e limites acerca destes assuntos delicados.
Você sente que está enfrentando um período semelhante ao do ninho vazio? Gostaria de compreender as melhores formas de lidar com isso?
Aqui na Psicotér, nós contamos com um grupo de psicólogas capacitadas para abordar e desenvolver melhor essas questões!
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Fundadora da Psicotér, CEO e Diretora Técnica, Psicóloga Cognitivo-Comportamental, completamente apaixonada pelo ser humano, realizada e privilegiada por poder participar da transformação de vidas. Experiência de mais de 20 anos de atuação clínica e empresarial. Psicoterapeuta individual e em grupo de crianças, adolescentes, adultos, idosos, casal e família, online e presencial, pós-graduada em Gestão do Capital Humano. Consultora de recolocação profissional desde 2003, capacitando e orientando profissionais em transição de carreira na busca de novas oportunidades. Também consultora em diversas empresas nacionais e multinacionais, nas diversas áreas de RH, atendimento e avaliação psicológica de profissionais.