Dificuldade para chegar ao orgasmo, falta de desejo ou perda da libido, carência sexual relacional, dispareunia, distúrbios da menopausa e vaginismo (dor durante a penetração) são as principais queixas das mulheres.
Eles, por sua vez, reclamam de ejaculação rápida ou precoce, diminuição da libido e dificuldade de manter a ereção. Se você se identificou com alguma dessas complicações, pode respirar com certo alívio. Afinal, hoje em dia, ter problemas sexuais não é um bicho-de-sete-cabeças; assim como também buscar ajuda profissional e fazer terapia sexual deixou de ser tabu.
Com divulgação e discussão dos problemas sexuais, a atenção das pessoas tem resultado em mais compreensão desses problemas, assim queixas que antes eram secundárias passaram a ser as principais. “Um exemplo é o aumento de pacientes do sexo masculino reconhecendo a diminuição e falta de desejo sexual nos relacionamentos.
Antes, há 15, 20 anos, esses homens consideravam que o pênis era o foco e a dificuldade erétil era o problema. Não consideravam o desejo sexual que antecipa a função de excitação e todo o processo seguinte. Atualmente os homens têm ponderado a falta de motivação e já separam o desejo da excitação”, conta o psicólogo Oswaldo Martins Rodrigues Jr., do Instituto Paulista de Sexualidade (Inpasex). Ele comenta que as mulheres também têm atentado mais para a diminuição do desejo sexual; há 40 anos focavam a falta de orgasmo como queixa maior.
O estresse e o dia a dia corrido interferem – e muito – na nossa vida sexual.
“Hoje em dia vivemos em uma corda bamba, sempre competindo. Já acordamos atrasados, dormimos mal, não relaxamos nem nos fins de semana, estamos sempre desconfiados e buscando algo, esquecemos de nos dar prazer e cuidar de nós mesmos. Temos uma agenda cheia de compromissos sem nenhum lugar disponível nela para nós”, pondera a sexóloga Valéria Walfrido, do Recife.
Quando a correria do cotidiano começa a destruir a sexualidade, é hora de buscar a terapia sexual. Mas de que se trata? “É uma terapia focal e objetiva em que o principal está na harmonia do casal e na função individual do órgão sexual.
O olhar do terapeuta sexual visa proporcionar às pessoas uma melhora de sua sexualidade com os aspectos biopsicossociais, ou seja, físicos, emocionais e sociais”, explica o ginecologista e sexólogo Amaury Mendes Junior, do Rio de Janeiro, membro da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH).
A psicoterapia focalizada na sexualidade utiliza muitos dos mecanismos das psicoterapias para outras queixas emocionais, mas precisa do apoio do conhecimento sobre o funcionamento sexual, fisiológico e alta consideração sobre os estímulos ambientais sobre este funcionamento.
No consultório, os especialistas observam que a falta de sintonia sexual entre um casal é um problema comum. Ela é sinônimo de instabilidade emocional ou falta de maturidade de um dos pares. Vale lembrar que o casal não está ligado não só por sexo, mas também por objetivos e afetividade.
O problema acontece, especialmente, depois de passada a fase da paixão. Os hormônios que atiçam a libido no início da relação causam furor, um desejo absurdo de estar sempre junto fazendo amor, coladinho um no outro.
Com o decorrer do tempo, tais hormônios tendem a estabilizar-se, arrefecendo a paixão, e as diferenças começam a sobressair, ou seja, começamos a enxergar o outro como ele realmente é e vice-versa.
Em muitos casos, o problema sexual é resultado de problemas no relacionamento.
Exemplos: mulheres castradoras que desestimulam o parceiro, homens com ejaculação precoce que impedem a parceira de gozar, bebidas, drogas e trabalho excessivo. Casais que tem problemas ao tentar solucionar dilemas do cotidiano, gerando emoções negativas (raiva, ansiedade, medo), correm o risco de ir para a cama com este ranço. São emoções prejudiciais ao funcionamento fisiológico do sexo, que geram dificuldades com o desempenho sexual.
Na mesma linha, a comunicação do casal precisa ser efetiva, ou seja, chegar a resultados, pois não adianta falar e falar e o casal não usar na prática o que conversou.
Tudo isso é detectado e pode ser resolvido ou administrado a partir da terapia sexual. Saiba mais sobre como ela funciona:
Sessões de terapia sexual
As sessões de terapia sexual acontecem a sós e com o (a) parceiro (a). É importante conversar com os dois juntos e observar se ocorre alguma alteração comportamental ou algum constrangimento. Quem não está vivenciando intensamente nenhum tipo de relacionamento também pode se beneficiar desse tipo de terapia.
Com ela é possível conhecer e vivenciar sua sexualidade de maneira mais plena. As sessões tem o tempo de duração comum às terapias convencionais: de 45 minutos a uma hora. A vida pessoal e sexual de cada um é esmiuçada, já que a origem de muitos problemas pode ter a ver com a educação recebida dos pais, a religião e as primeiras experiências.
Técnicas de terapia sexual
Algumas pessoas acham que o terapeuta sexual ensina, no consultório, técnicas mirabolantes para conseguir orgasmos múltiplos, por exemplo. Essa suspeita tem seu fundo de verdade, pois se trabalha com técnicas diversas que variam de caso a caso.
Demonstram-se movimentações com materiais para tratar ejaculação rápida, retrógrada ou retardada; métodos para lidar com a dificuldade de ereção; exercícios para o vaginismo e anorgasmia. Também sugestões para lidar com a libido e dicas de pomporarismo.
Lição de casa
O trabalho feito em consultório tem continuação em casa. Os pacientes são aconselhados a tocar-se e a conhecer-se intimamente; mirando-se no espelho, e a explorar sua genitália, observando orifícios uretral, vaginal, anal, períneo, vulva, pênis, saco escrotal. Os homens, principalmente, exercitam o autocontrole através da masturbação, praticando exercícios pélvicos masculinos (EPM).
Medicamentos na psicoterapia sexual
A terapia sexual pode envolver medicamentos que devem ser prescritos, de preferência, por um psiquiatra, urologista ou ginecologista com aprofundamento ou formação na área de sexualidade humana. Determinados remédios interferem ferozmente na libido, alterando-a. Daí a importância de um trabalho em parceria.
Alta
Não existe uma regra fixa, pois algumas pessoas chegam ao consultório com problemas mais complexos do que as outras. Em geral, os pacientes recebem alta após dez sessões, mas alguns tratamentos podem durar anos. As queixas envolvendo o desejo sexual são mais demoradas de serem resolvidas. As queixas de ereção ou de vaginismo podem ser muito mais rápidas em suas soluções.
Podemos ter tratamentos de seis meses para casais com vaginismo ou disfunção erétil e de dois ou três anos para queixas relacionadas a desejo sexual. Problemas de comportamento sexual compulsivo costumam estender o tempo de terapia, principalmente devido à procura de solução quando problemas secundários passam a ocorrer: disputas de casal, separação, perda de emprego.
Resultados da terapia sexual
Há casais que se separam após a terapia. Isso acontece quando o relacionamento está muito destruído ou as traições são frequentes e o nível de autoestima é muito baixo. O rompimento pode ser a melhor solução, pois permite ao sofredor se recuperar para uma nova vida. Isso, porém, é exceção.
O comum é que as pessoas passem a desfrutar de maior intimidade na cama e a conversar sobre sexo de maneira mais natural e clara.
“Fiz terapia sexual e aprovei”, conta paciente
“Passei por um período muito ruim após perder o emprego. Demorei para achar trabalho e, quando finalmente arranjei um, aceitei uma proposta bem abaixo do que achava que merecia. Isso se refletiu na minha vida sexual e na autoestima. Fiz terapia e, com a ajuda de medicamentos e muita conversa, consegui recuperar o desejo. Aprovei.”
A.M., 35 anos, administrador de empresas
“Namorei um sujeito que, de vez em quando, gostava de falar palavrões na cama. Aquilo me intimidava de tal jeito que não conseguia relaxar – e muito menos gozar. Fui buscar ajuda com a terapia e cheguei à conclusão de que minha educação rígida não me permitia encarar o sexo de maneira lúdica. Aprendi, ainda, que o fato de ele se referir a mim com determinadas palavras era apenas um aditivo ao sexo, e não uma opinião consumada. Quando me livrei de certos fantasmas, relaxei e até passei a agir de modo mais selvagem na cama. A relação acabou não dando certo por outros motivos, mas vivemos bons momentos juntos.”
D.P.S., 24 anos, publicitária
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Respostas de 2
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