Muitas pessoas são acostumadas a praticar isso em nome do conforto, afinal ninguém gosta de lidar ou de digerir certas questões que a vida nos propõe.
Há quem pense que mentir para si mesmo é uma atitude esperta, mas a verdade é que isso só destrói alguém de dentro para fora, sem chance de defesa.
Ao contrário da mentira simples, o autoengano é uma atitude recorrente e, depois de algum tempo, se torna até automática. Algo que superficializa suas relações e complica muito a ideia de realidade da pessoa.
Outro grande problema dessa ação é que a pessoa passa a realmente acreditar nas mentiras e enganações que produz para si mesma, o que estabelece uma relação tóxica interna.
Neste artigo, vamos compreender um pouco mais os pilares do autoengano e como ele se sustenta na vida de alguém, além de citar tratamentos possíveis e formas de combatê-lo.
Embora a realidade não deixe de ser o que é, cada um constrói a sua e isso pode ser uma questão quando tratamos do autoengano.
Isso porque se trata de uma dependência forte pela prática de enganar a si mesmo, seja por métodos de fuga ou simplesmente por segurança emocional.
As pessoas não gostam de encarar certas verdades ou cenários que as deixam desconfortáveis, então o autoengano nada mais é do que a criação de uma nova realidade, onde essas situações e verdades são apagadas ou omitidas inconscientemente.
Na cabeça da pessoa que produz o autoengano, tudo fica mais tranquilo e ela consegue lidar com as coisas da forma que quiser, mas na prática e no mundo real isso pode trazer sérias consequências.
Se enganar é o tipo de exercício que vicia e se transforma em uma bola de neve depois de certo tempo, afinal a pessoa começa a se sentir cada vez mais confortável e inserida nas próprias mentiras.
Quem não gosta de se sentir confortável e satisfeito consigo mesmo? Esse é o tipo de coisa que o autoengano ajuda muito a sentir, porém de uma forma distorcida e muito perigosa para as nossas relações.
Mentir, mesmo sendo algo que faz parte da vida e das nossas adaptações, é um caminho muito difícil, especialmente porque envolve nossas emoções e pontos sensíveis que acabamos escondendo dos outros e de nós próprios.
O autoengano, então, se restringe a essa enganação que projetamos em nós mesmos e ele pode estar nas pequenas afirmações, desde “estou bem” até coisas mais sérias e que mexem com as dinâmicas do nosso dia a dia.
Quando falamos que essa é uma prática perigosa, nos referimos aos riscos que essas mentiras trazem, como por exemplo: dizer que está tudo sob controle, quando claramente não está, pode fazer com que as coisas acumulem e explodam.
Isso não é saudável para quem passa por essa questão, mas também para quem convive com essa pessoa, afinal percebe que as coisas não andam bem, mas seguem sendo ignoradas através do autoengano.
Logo, a pessoa começa a enganar a si mesma e aos outros também, afinal tenta de todas as formas evitar o conflito e começa a alimentar essa realidade paralela que está criando.
Tudo isso acontece por medo ou insegurança de lidar com as verdades que a vida nos traz e isso, além de ser muito tóxico para cada um, acaba impedindo essa pessoa de evoluir e se desenvolver.
Diferentemente do que muita gente acredita, existem diversos tipos de autoengano.
Todos eles surgem com o intuito de causar conforto e segurança para aquela pessoa, mas acabam se transformando em hábitos que, com o tempo, levam ela para caminhos desagradáveis.
Há o autoengano voltado para a lida de decepções, onde a pessoa se convence de que certas decisões são corretas, quando na verdade ela só não quer lidar com as frustrações que giram em torno daquilo que realmente buscam.
Um bom exemplo disso é quando alguém não consegue uma vaga de emprego e começa a encontrar defeitos naquilo que ela almejava muito.
Tudo isso em nome de não lidar com a frustração, a rejeição e a suposta “falha” em algo que ela, claramente, desejava muito.
Esse é um clássico exemplo de autoengano, onde a pessoa encontra nas mentiras um jeito de não encarar os próprios sentimentos e aquilo que a realidade tem para lhe oferecer.
Muitas pessoas conhecem esse comportamento como uma espécie de negação, que nada mais é do que a prática desse autoengano.
De qualquer forma, é o tipo de comportamento que causa desconforto em quem presencia e percebe, podendo fazer com que a pessoa que produz as mentiras possa ser taxada de hipócrita ou, simplesmente, iludida.
É possível mentir para si mesmo?
Depois de todas essas informações, há quem se pergunte: é possível mentir para si mesmo?
A resposta é bem simples e, dependendo, até um pouco desagradável: sim. Não só é possível mentir para si mesmo, como também é algo que pode se tornar costume.
Inúmeras pessoas utilizam desse recurso, quando querem fugir de situações ou simplesmente para se forçar a aceitar certos cenários, algo que não é nada saudável para elas, uma vez que distorce totalmente a sua realidade.
O autoengano, portanto, acaba se tornando um vício de escape para essas pessoas, fazendo com que elas encontrem afago nas mentiras e vejam muito significado nelas.
Isso é preocupante, porque acaba refletindo nas suas relações, na forma como se portam e lidam com o trabalho e, muitas vezes, até na vida pessoal.
Uma mentira acaba levando a outra para que essa nova realidade paralela se sustente na cabeça desse indivíduo, até que se torne insustentável ou acumule aspectos negativos demais no interior dele.
Sendo assim, mentir para si mesmo vira uma arma no autoengano. A pessoa começa se sabotando em pequenas coisas, até precisar mentir em proporções maiores e mais destrutivas.
Uma reação em cadeia sem freio que acaba gerando desconforto e, em alguns casos, um esgotamento e um constrangimento desnecessário, pois é tudo feito de forma inconsciente.
Exemplos de autoengano
Como já foi citado anteriormente, há vários tipos de autoengano que podemos estar reproduzindo por aí, então é importante ficar atento para evitar futuras dores de cabeça ou afastamentos desnecessários.
O autoengano é uma prática que pode ir desde as mentiras mais simples para si mesmo, até algo mais elaborado e difícil de lidar com as consequências.
Há práticas de autoengano que podemos estar reproduzindo no cotidiano mesmo ou em eventos muito específicos, observe:
Além do autoengano que criamos para nos confortar com relação à decisões, como já citamos, há aquele que nos coloca em uma situação de seletividade.
Como assim?
Esse é o tipo de prática em que nos convencemos de que coisas que exigem mais de nós (seja dinheiro, dedicação ou tempo), têm valor maior e, nem sempre, isso é verdade.
Nesse autoengano, acabamos sendo completamente seletivos com relação a uma ideia criada pela nossa mente e naturalizada nas nossas ações, mas que nem sempre será real.
É o caso de pessoas que escolhem cursos universitários de acordo com a dificuldade para passar no vestibular, por exemplo.
Muitas pessoas superestimam certos cursos por exigirem notas mais altas, mas isso não diz respeito à qualidade de carreira ou experiência na universidade, certo?
Trata-se de um autoengano comum e muito reproduzido por aí, mas que acaba tolhendo muitas perspectivas.
Ainda há outros tipos de autoengano em que as pessoas projetam as suas situações pessoas em fatores externos ou outras pessoas.
É um aspecto muito problemático, afinal é utilizar outras pessoas, de outros contextos, como elementos fundamentais de algo que diz respeito a uma pessoa só.
Certamente, nem sempre é o caso, mas é importante estabelecer a reflexão para evitar discursos que nos livrem de uma responsabilidade que é só nossa e não de um outro grupo de pessoas.
Isso é importante, porque nos permite a autorreflexão, além de um grande crescimento pessoal.
Como evitar o autoengano?
Depois de entender um pouquinho mais sobre como funciona o autoengano e todos os impactos negativos que ele pode ter nas nossas vidas, você deve estar se perguntando: e como evitar o autoengano?
Isso vai ajudar você a se constituir melhor, além de entender quais são as suas insatisfações, seus receios e por que existe a necessidade da prática do autoengano.
Ter alguém ao seu lado que possa te ouvir e traduzir suas questões de uma forma saudável e equilibrada é o melhor caminho para se livrar do autoengano.
Chegar a essa conclusão sozinho pode não ser algo acessível, então contar com alguém que estude e se aprofunde nessa situação é essencial para superá-la.
Um psicólogo capacitado terá a chance de conhecer suas motivações e, para além disso, te ajudar a superar cada uma delas aos poucos, respeitando seus limites e te encorajando da forma mais absoluta possível.
É algo que diminui a solidão do processo de tratamento e ainda colabora na reconstrução da sua perspectiva e suas escolhas.
Tudo isso além de te auxiliar em embates do cotidiano, dificuldades emocionais, ansiedades e todo e qualquer possível transtorno que possa se colocar no caminho.
A psicoterapia te reconstrói de dentro para fora e consegue oferecer pilares que ultrapassam as questões do autoengano, somente.
Você já se identificou com situações semelhantes ao autoengano? Acha que pode estar enfrentando um período complicado com relação a esse tema?
Não deixe essa situação perder o controle, procure ajuda de alguém capacitado para lidar com isso!
Aqui, na Psicotér, nós contamos com um grupo de psicólogas especializadas que está completamente apto para te ajudar em situações como essa!
Fundadora da Psicotér, CEO e Diretora Técnica, Psicóloga Cognitivo-Comportamental, completamente apaixonada pelo ser humano, realizada e privilegiada por poder participar da transformação de vidas. Experiência de mais de 20 anos de atuação clínica e empresarial. Psicoterapeuta individual e em grupo de crianças, adolescentes, adultos, idosos, casal e família, online e presencial, pós-graduada em Gestão do Capital Humano. Consultora de recolocação profissional desde 2003, capacitando e orientando profissionais em transição de carreira na busca de novas oportunidades. Também consultora em diversas empresas nacionais e multinacionais, nas diversas áreas de RH, atendimento e avaliação psicológica de profissionais.