Até que ponto a solidão é apenas sofrimento? Aprender a crescer pode ser dolorido, mas também pode ser a melhor parte de nossas vidas.
Há cura na solidão!
Não cabemos em nós mesmos, é preciso dividir. Dessa forma, quando surge alguém que se assemelha de alguma maneira à ilusão de par perfeito que inventamos para nós mesmos, dividimos e multiplicamos. Até que, por fim, isso termina.
Houve o instante em que tudo parecia afável do ponto de vista coexistencial. Porém, como tudo ao ser humano, não haveria razão de ser se não trouxesse dor e angústia ao peito. Não seria justo, não seria real, não valeria as duras penas; não seria, afinal, humano.
A solidão, talvez a maior das dores psicológicas do homem moderno, cativa artistas da palavra há muitos séculos. A busca por sua cura às vezes tange a aceitação de sua inerência à natureza individual do ser humano; ainda que sejamos criaturas sociais. Já dizia Charles Bukowski, “os maiores seres humanos são os mais solitários”. Afinal, será que ele não tinha razão?
A solidão traz, em seu análogo poético – solitude – uma das mais sábias alternativas à sensação punitiva que ela carrega.
O estado de solitude permite que exista criatividade, conforto em estar só, bem como evolução e aprendizado. É preciso aprender a ser só, assim como aprender a só ser. O estado de individualidade, tão pouco poetizado é a única zona de conforto real.
Em “O Labirinto da Solidão”, Octavio Paz declara que “a solitude é o fato mais profundo da condição humana. A natureza humana – se é que esta palavra pode ser usada em referência aos humanos, que ‘inventaram-se’ ao negar a natureza – consiste na busca por realizar-se no outro. O ser humano é nostalgia e busca por comunhão. Portanto, quando se percebe como indivíduo, ele percebe a ausência do outro, ou seja, percebe sua solitude”.
Lancemos, então, um novo olhar sobre o estar só!
Não há sentimento ruim no afeto – há o desconforto por querermos nos manter na inércia do prazer e conforto estático de estarmos acompanhados. Porém, é no momento em que nos deparamos com o horizonte infinito da solidão que consolidamos tudo que aprendemos com o que passou; estabelecemos o que queremos para uma próxima investida no mundo dos apaixonados e o que não aceitaremos mais. Afinal até mesmo Jean-Paul Sartre, que buscou incessantemente fundamentar a função do ser humano, uma vez disse: “Se sentes solidão quando a sós, estás em má companhia”.
Façamos, por fim, um brinde ao estar-se preso por vontade a nós mesmos!
Luiz O. Esteves
Músico, poeta, biomédico, tradutor
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