Apesar das orientações sexuais estarem cada vez mais diversas e presentes na sociedade, ainda existem conceitos sobre elas que são pouco conhecidos. É porque a sexualidade é um tema relativo, já que envolve muitos fatores e pode se manifestar de muitas formas.
Mas elas são reveladas, principalmente, durante a trajetória da adolescência, que é quando o corpo está se desenvolvendo, a personalidade está começando a surgir e as pessoas são expostas aos mais diversos estímulos pelas pessoas ao redor. É o momento, então, quando começam a se questionar sobre suas próprias sexualidades e por quem sentem atração.
E todas essas manifestações ainda precisam ser descobertas e estudadas pela Psicologia, justamente por causa dessa complexidade que envolve os relacionamentos pessoais. Por isso, ainda não existem pesquisas suficientes para explicar os termos e os grupos existentes nas formas de relacionamento, pois elas estão em constante evolução.
Por exemplo, você sabe o que é uma pessoa demissexual?
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ToggleO que é Demissexualidade?
A demissexualidade tem relação com a atração sexual manifestada somente em casos de vínculo afetivo com outra pessoa. A conexão, ligação e comprometimento são pré-requisitos para estabelecer algum tipo de relacionamento.
Demissexual: Quem se relaciona sexualmente apenas com quem sentem vínculo afetivo e intelectual
A pessoa demissexual irá aceitar se relacionar sexualmente apenas com alguém que teve alguma ligação emocional, ou seja, com algum companheiro que já conhece e que já tenha tido algum tipo de envolvimento a longo prazo. O gênero pode ou não ser um motivo relevante para essa atração, já que tem a ver com a orientação sexual.
A pessoa demissexual faz parte de um grupo mais restrito do tipo de relacionamento que buscamos, e então, geralmente, envolve personalidade, experiências pessoais, escolhas ou valores de cada um.
Então, antes de entendermos melhor sobre o conceito de demissexualidade, partiremos dos grupos que definem as maneiras que podemos nos relacionar com alguém.
Veja a explicação da nossa psicóloga Nina Guarnieri
Conheça os 3 grupos que nos classificam quanto a forma de relacionar amorosamente
Nesse universo de relações amorosas, existem três grupos que definem a maneira como as pessoas gostam de se relacionar. São eles: os assexuais, os não-assexuais ou alossexuais e os demissexuais.
Assexuais:
Uma pessoa assexual não possui atração sexual por outras e, mesmo que tenham algum relacionamento e afeto com seus parceiros, elas não têm interesse em sexo. Mas isso não significa que não exista outro tipo de atração, como a atração romântica, física ou admiração pelos parceiros. No entanto, essas pessoas apenas não sentem as mesmas necessidades sexuais.
Em alguns casos, o assexual pode se sentir inapropriado para ter qualquer tipo de relação, acabar desenvolvendo ansiedade e depressão por não entender a sua condição e achar que tem algo de errado consigo mesmo. Nesse caso, a importância do autoconhecimento para ter consciência e entender essa escolha como uma preferência interna.
Não assexuais ou Alossexuais:
As pessoas não assexuais – também chamadas de alossexuais – têm atração sexual por qualquer pessoa, mantem relações sexuais com frequência e com diversos parceiros durante a vida. A relação sexual é algo que transcorre normalmente, com envolvimento afetivo ou amoroso ou ser apenas fruto de uma escolha prazerosa.
Esse grupo, por fazer parte de grande parcela da sociedade, pode ser caracterizado dentro de certa normalidade. Mas, é importante saber que, apesar desse grupo fazer parte da maioria, não se deve excluir os outros. Ao entrarmos no campo da sexualidade, entender as suas diferentes nuances e singularidades humanas é essencial. Além disso, as escolhas devem ser honradas e respeitadas, independente de qual for.
Lembrando que o fator emocional sempre será fundamental para que se desmistifique o papel do desejo e suas interferências nas relações humanas. É fundamental não permanecer nas polaridades, e sim, abrir a mente para o novo e o que traz prazer à vida.
Demissexual:
Entre as pessoas assexuais e as pessoas não assexuais, existe o grupo dos demissexuais. É um grupo diferenciado, mas não menos importante. As pessoas que pertencem a esse grupo só sentem atração sexual por quem já nutre algum tipo de ligação emocional e/ou intelectual.
Porém, o fato dessas pessoas só conseguirem se sentir sexualmente atraídas por alguém com quem tenham uma conexão emocional, não significa que sejam totalmente desprovidas de desejos sexuais, apenas que a vontade é inexistente. O envolvimento é, definitivamente, um pré-requisito para as questões sexuais.
O aspecto dessas pessoas é relacionar-se sexualmente apenas com quem sentem vínculo afetivo. Para essas pessoas, a atração sexual é posterior a uma conexão que depende de vinculação emocional.
Entendendo a demissexualidade
Segundo fontes, os demissexuais, no espectro, ficam mais próximos dos assexuais. Isso porque, na maioria das vezes, eles não sentem muita atração sexual durante a vida, já que isso exige um envolvimento emocional muito grande deles com as outras pessoas.
A pessoa demissexual só consentirá o sexo com alguém que já tenha nutrido algum sentimento. Para uma pessoa demissexual, a atração física está diretamente relacionada a uma conexão afetiva.
Além disso, elas são cobradas pela sociedade por um posicionamento frente ao comportamento e investimento sexual. Geralmente o demissexual, durante a adolescência ou vida adulta, pode ter passado por julgamentos de amigos ou familiares por não ter tido iniciativa própria.
A pressão sofrida para ter algo romântico ou sexual com alguém pode fazer com que a pessoa, então, se afaste e não se socialize com as outras pessoas. Por isso, entende-se que fatores como timidez, falta de confiança e insegurança devem ser considerados.
Infelizmente, ainda existem diversos tabus e preconceitos sobre a temática da sexualidade. Então, eles também são, muitas vezes, estereotipados ou rotulados com apelidos e outras denominações – gays, por exemplo, que não correspondem com o que realmente são.
Demissexuais não escolhem esse tipo de relacionamento, mas têm o instinto de sentirem atração sexual apenas quando há um vínculo pré-estabelecido. As características demissexuais podem, inclusive, mudar de pessoa para pessoa, já que depende da sua orientação sexual e da sua realidade pessoal.
Quatro características de uma pessoa demissexual
Apesar de fazer parte de um grupo, uma pessoa demissexual pode apresentar algumas características que são comuns. Por isso, separamos quatro delas para exemplificar comportamentos de pessoas demissexuais:
1. Vontade de conhecer melhor as pessoas
Para as pessoas demissexuais, existe uma maior atenção no momento de conhecer a outra pessoa. Antes da aparência física, a intelectualidade e o afeto vêm em primeiro lugar. Portanto, o conhecimento mútuo é essencial entre os parceiros.
2. Necessidade de envolvimento
Como é necessário ter um envolvimento com a pessoa, as relações podem, geralmente, iniciarem a partir de uma amizade. Um demissexual irá se apaixonar por pessoas que tenha uma convivência maior e por mais tempo, como, por exemplo, um amigo, um colega de classe ou de trabalho.
Em muitos casos, essas pessoas não tiveram namoros durante a adolescência, e/ou tiveram a primeira relação sexual numa fase tardia, já que essa relação aconteceu exatamente após criar um vínculo com alguém.
3. Forma diferente de se aproximar
Essa característica se manifesta na exclusividade que o parceiro dos demissexuais são escolhidos. Como precisa haver um vínculo próximo entre os parceiros, os demissexuais não se sentirão atraídos por qualquer pessoa, portanto, serão criteriosos na escolha do parceiro ou parceira.
Esse é um dos campos mais exigentes da sexualidade porque ele não se sente atraído por qualquer um. Se ir em uma balada, provavelmente não irá beijar ninguém antes de ter alguns encontros com essa pessoa.
4. Conexão maior entre as pessoas
A conexão é a principal característica das pessoas demissexuais, já que ela precisa, necessariamente, existir entre os parceiros para que haja algum tipo de relação sexual.
Como saber se sou demisexual?
Para entender se você é demisexual, é necessário, primeiramente, observar as suas relações e as formas com que elas se desenvolvem. E essa tarefa é realizada, principalmente, através do autoconhecimento.
Essa prática vai contribuir para que você entenda como gostaria de se relacionar com alguém de forma positiva para você. Se questionar é essencial durante essa trajetória.
Quando nos autoconhecermos, buscamos quem realmente somos. É um trabalho interno árduo, mas necessário para que possamos ser melhores e construirmos um mundo melhor.
Além disso, o processo químico do amor, sexo e relacionamento são emoções que alteram o nosso corpo, assim sendo, não é fácil entender que precisamos compreender melhor esse processo para convivermos melhor com ele.
Certamente, o autoconhecimento é um caminho efetivo e verdadeiro que podemos optar através da terapia. Quando você muda, o mundo ao seu redor se transforma em novas possibilidades.
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Descobri que sou demissexual, o que fazer?
É importante reforçar que a demissexualidade não deve ser considerada uma anomalia ou doença, mas sim, um estilo de vida. Somos movidos por nossas escolhas e essas direcionam nossos comportamentos e relacionamentos.
O único problema que existirá é a falta de aceitação, pois você viverá acreditando que não é uma pessoa normal porque não possui desejo sexual o tempo todo. Mas, tenha a certeza de que não existe nada de errado com você!
A descoberta demissexual é um processo complexo mesmo, e é mais do que comum surgirem dúvidas, inseguranças e incertezas. Mas, se você já se descobriu uma pessoa demissexual, ter contato com pessoas desse mesmo grupo pode contribuir para você se descobrir, se aceitar e se assumir.
Além disso, conhecer relatos de pessoas que passaram por essa fase de descobrimento também pode ajudar a sanar dúvidas e a entender melhor as características marcantes na demisexualidade.
Por isso, não se sinta constrangido caso pense que você se encaixa nesse grupo. Afinal, todos nos encaixamos em algum – e, se não nos adequamos, não será um problema quando temos definidos nossos valores.
E o mais importante: valorize esse estilo de vida! Ser demissexual não significa ser diferente da família. Não há dúvidas de que o sexo virou algo banalizado pela nossa sociedade. Afinal, é preciso analisar e entender se isso é algo construtivo e de valor para sua vida.
Você costuma preservar-se sexualmente e prioriza conhecer o seu parceiro. Esse é um indicativo de que você valoriza isso em sua vida!
Mas, caso você esteja encontrando dificuldades nesse processo de autoconhecimento, ou para se expressar com as pessoas ao seu redor, a psicoterapia pode ser essencial para você. O atendimento profissional poderá ser importante para, principalmente, ajudar a você a se conhecer e a entender os seus desejos, sentimentos e emoções. Se preferir pode optar pela psicoterapia online.
Além disso, também auxiliará a desbloquear suas inseguranças que te impedem de ser você mesmo. Essas mudanças irão contribuir para um caminho de evolução na sua vida amorosa e para uma vida positiva.
Se permitir e se conhecer poderá ser satisfatório para a sua vida, pois você irá viver melhor. Quando você muda, o mundo ao seu redor se transforma em novas possibilidades!
Lisiane Duarte – CRP 07/12563
Psicóloga e Diretora Técnica da Psicotér
Respostas de 4
Ótima leitura! Sou demissexual, demorei a entender isso e no início me cobrava muito! Sou casado ha 16 anos e adoro sexo com meu parceiro, e, quando surge alguém interessante fisicamente e que quer “brincar” com a gente, na grande maioria das vezes eu não me excito, a resposta do meu corpo é: vc não precisa disso, vc já tem quem vc ama! Kkkkkkk Aí bate aquela raiva né, porque você se compara e do lado tá seu parceiro excitadissimo… e nem adianta tomar aditivos, é desejo que falta. Em fim, sou assim e ta tudo bem mais ou menos… Demissexuais, passem longe de ambientes de pegação, não nascemos pra isso! Kkkkk /triste
Sou demissexual e nem sabia kkkk
Não tenho certeza absoluta que sou demisexual devido o fato de sentir um leve atração por características físicas. Entretanto após essa leve atração vem a necessidade de tentar conhecer a pessoa melhor e devido isso mesmo tendo 32 anos só tive relações sexuais com quatro indivíduos, sendo uma mulher, dois homens e um travesti. Esse último foi numa tentativa de tentar ver o que havia de errado comigo, portanto não cheguei a conhecer a outra pessoa, tive que me forçar ao máximo para conseguir ter a relação, mas em pouco tempo depois comecei a me sentir péssimo como se estivesse cometendo o maior pecado do mundo, essa sensação ruim durou por meses. Atualmente estou desde 2017 sem ter relações sexuais.
Olá!
Quando dúvidas relacionadas ao nosso comportamento, desejos e até sentimentos começam a aparecer, é sinal de que precisamos dar uma turbinada no autoconhecimento. Esse é o meio mais prático e saudável para sanar dúvidas e criar uma relação proveitosa consigo mesmo!
O processo da terapia pode ajudar e muito no desenvolvimento desse autoconhecimento, sabia? Mas é preciso dar o primeiro passo, começa de alguma forma!
A Psicotér gostaria de se de colocar à disposição para te ajudar com essas questões e possíveis dores emocionais que estejam atrapalhando o seu dia a dia… Entre em contato com nossa equipe de atendimento para mais informações: https://psicoter.com.br/fale-conosco/
Grande Abraço!