Certamente, em algum momento da nossa vida, já lidamos ou teremos que lidar com o luto. E o processo de superação é uma fase muito delicada para todas as pessoas, pois passamos por várias fases do luto.
A perda significativa causada pela morte de uma pessoa especial e a interrupção inesperada de uma convivência pode originar muitos sentimentos negativos, como a tristeza, a angústia, a desmotivação, a culpa, a raiva, além de outros sofrimentos.
Apesar de ser um estágio muito doloroso, é importante que as pessoas vivenciem esse processo, porque ele faz parte do amadurecimento humano e, portanto, é necessário para seguir em frente.
Durante o luto por um ente querido, as pessoas passam por algumas fases, em que os estudiosos da psicologia nomeiam de fases do luto ou estágios do luto. Essas fases servem para marcar o processo da perda.
Porém, nem todas as pessoas vivenciam esses estágios na mesma ordem, ou necessariamente passam por todas elas. Cada pessoa possui o seu próprio tempo de luto e vive de maneiras diferentes.
E tudo bem, porque o processo de preenchimento de um vazio é único para cada um. Nesse texto, iremos explicar a você tudo sobre o luto: qual o seu significado, quais são as fases do luto, quanto tempo dura o processo e como superá-lo.
Continue acompanhando esse conteúdo tão importante. Vamos lá?
Conteúdo desse artigo
ToggleO que é o luto?
Iremos explicar, primeiramente, o que é o luto. A palavra luto vem do latim ‘luctus’ e significa dor, mágoa, lástima, aflição e pesar.
Ele faz parte de um processo psicológico para a adaptação de uma experiência de perda significativa de uma pessoa que possuía um grande vínculo afetivo ou já estava acostumada com a presença.
É um período em que a mente trabalha para assimilar o ocorrido, lidar com o sentimento de falta e de saudade e para aceitar essa nova realidade imposta, é o processo de aceitar a tristeza da morte. É uma experiência de recolhimento e introspecção pessoal.
Apesar de ser um episódio comum a todas as pessoas, cada uma tem uma reação diferente diante desse acontecimento.
Isso depende de muitos fatores, como a estrutura emocional, a idade, as vivências pessoais, o nível de convivência com a pessoa falecida, dentre outros motivos.
Porém, é essencial que a pessoa que está sofrendo o luto se permita viver esse momento, porque o luto é um período muito importante para a reconstrução mental, para a aceitação da morte e para as fases seguintes da vida.
Vivenciar as etapas dessa experiência contribui para que a pessoa consiga retomar o contato com o seu trabalho, sua vida social, seus relacionamentos e seus projetos pessoais.
A pessoa que repreende esse sentimento e tenta evitar ao máximo viver o luto pode acabar manifestando sintomas negativos, que podem ser muito prejudiciais para a saúde mental e que podem levar até a casos mais profundos, como a depressão.
É normal que a pessoa que está sofrendo esteja constantemente triste, tenha crises frequentes de choro, se isole e se sinta desmotivada a realizar atividades que costumava gostar.
Além disso, o luto pode manifestar um conjunto de emoções como culpa, frustração, irritabilidade, desânimo, angústia, medo e desespero.
A etapa de luto triste, portanto, envolve questões emocionais, psicológicas e físicas. Mas, independentemente da situação, superar o luto é importante para qualquer um.
5 estágios do luto
Como já foi mencionado, o sentimento de luto é estudado pelos psicólogos. Dentre os estudos científicos, foram nomeados cinco estágios do luto para marcar as fases desse processo.
Quantas fases tem o luto? A psiquiatra suíço-americana, Elisabeth Kübler-Ross é a maior referência nos estudos sobre a morte e os estágios do luto. Em seu livro “Sobre a Morte e o Morrer”, publicado no ano de 1969, a psiquiatra escreveu sobre esses estágios do luto.
Portanto, confira quais são as cinco fases do luto Kübler-Ross, criadas e estudadas pela psiquiatra e que são denominadas na Psicologia:
1ª Fase do luto – Negação
A primeira fase do estágio do luto é chamada de “negação” ou “isolamento”.
É o primeiro sentimento que a pessoa enlutada desenvolve diante do acontecimento. Como a morte é, muitas vezes, inesperada, a pessoa leva um tempo para absorver o ocorrido e tende-se a negar que ela aconteceu.
Portanto, enquanto não “cair a ficha”, a pessoa volta-se para a negação da situação.
A aceitação parcial é uma fase que vem logo após a negação, sendo um estado temporário em que a pessoa se recupera do choque e está começando a se acostumar com essa nova realidade.
É o momento também, em que a pessoa começa a reagir e manifestar reações mais intensas no processo de luto.
Esse é um estágio que pode ser visto como forma de defesa da mente sobre um ocorrido, até então, improvável e pode durar minutos ou até mesmo anos.
2ª Fase do luto – Raiva
A segunda fase do luto, a raiva, chega no momento em que a pessoa não tem mais como negar o fato e, portanto, começa a cultivar sentimentos e emoções de revolta.
A pessoa enlutada, portanto, tem dificuldades para entender os motivos da morte do ente querido e, então, começa a projetar a raiva através desse sentimento de inconformismo.
Esse sentimento é mais intenso para família e os amigos da pessoa falecida, e pode ser uma fase mais complicada e delicada de ser vivenciada.
As pessoas sentem raiva de quem os deu a notícia do falecimento, de quem, tecnicamente, poderia ter evitado essa morte, e até mesmo questões de crença podem entrar nessas reações intensas, como culpar a Deus pelo ocorrido.
3ª Fase do luto – Barganha ou Negociação
Na terceira fase do luto, o sentimento de raiva não trouxe alívio, portanto, a pessoa enlutada começa a adquirir uma certa esperança de cura divina em troca de alguns méritos que ela acredita que possa reverter o acontecimento.
Como esse sentimento ocasionado pelo luto não foi embora, a pessoa busca formas de sair dessa situação, podendo ser, também, uma maneira de prolongar o processo de luto.
Nessa fase, a pessoa busca soluções do que poderia ter feito de diferente, mesmo que seja impossível reverter a situação. Além disso, a pessoa também adquire esperanças de mudança baseadas em juramentos e promessas.
Essas esperanças consistem em realizar promessas ou fazer um pacto com Deus, até mesmo de receber uma graça ou algum tipo de milagre divino, como, por exemplo, fazendo promessas caso a situação seja revertida.
4ª Fase do luto – Depressão
A quarta fase do luto é o estágio em que sentimentos de tristeza juntam-se com a solidão e a saudade. Novamente, a pessoa não obteve sucesso na fase anterior, gerando um sofrimento ainda maior.
A pessoa tende a ter maiores crises de choro, busca se isolar das outras pessoas, começa a questionar sobre a sua vida e em como a pessoa falecida faz falta em sua vida.
É um período, portanto, em que a pessoa enlutada precisa de muito apoio de pessoas próximas, de modo que o sofrimento não se torne um transtorno depressivo.
Seja através de um ombro amigo, uma ajuda e uma escuta paciente, qualquer colaboração é bem vinda.
Se a pessoa receber acolhimento suficiente, isso contribuirá para que ela possa alcançar com mais facilidade o estágio seguinte, que é a fase da aceitação.
5ª Fase do luto – Aceitação
A quinta e última fase do luto, que fecha esse ciclo dos estágios, é a aceitação.
Após a pessoa sentir e expressar toda a sua inconformidade pelo acontecimento, o seu sofrimento e angústia causados pela perda, a raiva pelo ocorrido e os lamentos, é o momento dela contemplar o luto com maior tranquilidade.
O enlutado, então, já conseguiu passar pelos estágios antecedentes, agora consegue se sentir mais em paz e tem maiores condições para organizar a sua vida.
Porém, chegar à aceitação não significa que a pessoa está bem com o que aconteceu, principalmente se essa aceitação for referida a uma grande perda.
A diferença é que, a partir de agora, a pessoa irá conseguir encarar um sofrimento mais suave, além de conseguir ter mais consciência do que precisa ser feito daqui para frente.
Mesmo que a pessoa não goste dessa realidade em que está inserida, ela está aceitando que viverá dessa forma. Portanto, ela está reconhecendo essa nova e permanente realidade – e tentando conviver com ela diariamente da melhor forma.
A partir de agora, a pessoa entende que não a sua vida não acabou, e que existem possibilidades para que ela consiga reestruturar a sua vida sem a companhia do ente querido.
Quanto tempo demora para superar o luto?
Um questionamento comum que as pessoas fazem sobre o luto seria quanto tempo leva para superá-lo, bem como quanto tempo dura o luto da separação.
É uma pergunta que não existe uma resposta exata, porque cada pessoa tem o seu próprio tempo para vivenciar o processo de aceitação e elaboração da perda.
É importante que, nesses estágios da perda, a pessoa pratique a aceitação de que as coisas nunca mais irão voltar ao normal, e é preciso que isso fique bem claro para a pessoa enlutada.
É necessário também que, ao seguir em frente, a pessoa não esconda os seus sentimentos. O luto precisa ser superado mas, ao mesmo tempo, precisa ser sentido.
Portanto, os sentimentos, por mais intensos que sejam, precisam ser externados. E enraizar esses sentimentos só irá trazer mais prejuízos e atrasar o processo de superação da morte.
Se a pessoa não conseguir retomar a vida normal, ela ficará alimentando sentimentos negativos, como a culpa e a infelicidade, e, com o tempo, o luto pode se tornar patológico.
Dessa forma, a depressão pode ser desenvolvida e tornará necessária a busca por ajuda profissional, como o tratamento psicoterapêutico. Para os especialistas, o tempo para superar o luto torna-se preocupante quando ele vira uma doença.
Como superar o luto?
Agora que você já entendeu sobre o significado de luto, sobre cada uma das fases e sobre quanto tempo leva para superá-lo, é importante saber o que deve ser feito para superar esse período.
O que deve ser feito para superar o luto? Não é fácil, porém a psicologia ajuda as pessoas a recomeçar depois do luto, e existem algumas estratégias que podem ajudar a pessoa a superar essa fase tão delicada.
Confira as dicas que separamos para que você possa seguir em frente ou para ajudar uma pessoa a superar a parda de uma pessoa querida:
Não ignore o luto
A negação da morte e ignorar a dor da perda pode ser prejudicial a longo prazo. Como já mencionamos anteriormente, viver o luto é essencial.
A aceitação da morte é considerada complexa para muitas pessoas e muitas delas tendem a não querer passar por esse processo.
Mas, superar perdas é uma transformação interna, portanto, você não deve esconder esse acontecimento da sua vida ou evitar falar sobre ele quando for necessário.
A aceitação é necessária para o autoconhecimento e para lidar com os sentimentos trazidos pela partida. Portanto, aceite os seus sentimentos e entenda que o luto é um processo que precisa ser vivido.
Tome o tempo necessário
Como já foi mencionado, cada pessoa tem o seu próprio tempo para viver esse processo. Dessa forma, não há um tempo certo estipulado para que alguém se sinta bem pela sua perda.
O importante é apenas que cada pessoa viva o processo no seu próprio ritmo e sem pressão externa.
A psicologia é fundamental no processo de lidar com o luto, pois ajuda a pessoa que está atravessando esse momento delicado a superar a sensação de estar sozinha frente a esse grande obstáculo.
Além da ajuda da psicologia, o apoio de amigos e familiares é de grande importância para se lembrar que há motivos para continuar, mesmo quando tudo parece tão triste e sem sentido.
Aprenda a aceitar a dor e a perda
É importante que a pessoa aceite as suas dores provocadas pela perda, evitando procurar outras maneiras para ocupar a sua mente e se desvencilhar desses sentimentos que, por mais que sejam ruins, são necessários.
Essas atitudes podem acabar, além de atrasar o processo dos estágios do luto, prolongar o sofrimento que surgirá inevitavelmente.
Sabemos que é duro para a pessoa não ficar apegada à rotina que vivia com o ente querido antes de sua partida. Os momentos vividos, embora fiquem para sempre nas lembranças, acabaram e, encarar essa nova realidade é custosa e complexa.
Dessa forma, para aceitar a tristeza e a dificuldade da perda, alterar alguns hábitos da rotina pode ajudar. Além disso, pode ser saudável para a saúde mental, que muitas pessoas enlutadas deixam de ter atenção nesse período.
Expresse o que sente
Expressar os seus sentimentos é fundamental para inibir as emoções nesse processo de luto. Por isso, é recomendável que você sempre expresse o que sente, porque pode ajudar a superar a perda.
Não sinta vergonha de externalizar suas emoções, por mais intensas que sejam.
No período de luto, a pessoa pode se sentir dominada por uma grande tristeza e sensação de abandono, negação, raiva e culpa.
Enquanto é preciso vivenciar as etapas do luto, não é bom isolar-se ou evitar sentir esses sentimentos que surgem com o confronto da mortalidade de um ente querido.
Busque encontrar um meio de desabafar e elaborar o que, exatamente, está se passando com os seus sentimentos e pensamentos.
Manter-se calado e isolado pode trazer complicações psicológicas como depressão, portanto reforçamos a importância do item a seguir.
Tenha por perto pessoas que te façam bem
É importante que, ao superar o luto, você tenha por perto pessoas que você confia para te escutar, te acolher, acalmar as suas crises de choro e te ajudar a seguir em frente.
Passar esse tempo tão complicado com pessoas que você goste e que te ajudem a passar por esse processo de luto é essencial. Desabafe com essas pessoas, converse com quem você confia e esteja do seu lado e passe seu tempo com boas companhias.
A ajuda de amigos e da família é extremamente importante para nos lembrar que ainda há motivos para sorrir e seguir em diante com as nossas vidas, mesmo quando tudo parece tão sem sentido.
Além do carinho de familiares e amigos, é muito importante buscar ajuda psicológica para conseguir elaborar esses sentimentos de maneira saudável.
Psicoterapia para lidar com o luto
Além das estratégias citadas para superar o luto com uma maior facilidade, é essencial que a pessoa enlutada busque ajuda através da psicoterapia, principalmente se estiver tendo grandes dificuldades para lidar com esse processo.
Os especialistas consideram essa situação como um luto crônico, quando o quadro dura dois anos ou mais.
O psicólogo poderá avaliar o caso de luto e ajudar a pessoa a superá-lo e sugerir outras opções para ajudar a pessoa a gerir e a superar o processo de luto de forma saudável.
Existem casos específicos em que o processo de luto pode não ser considerado saudável para a mente. Isso acontece quando os sentimentos desencadeados pelo sofrimento são muito intensos e duradouros.
Se o luto durar mais do que seis meses, o acompanhamento psicológico pode ser necessário.
Confira, então, alguns sinais que merecem atenção naquelas pessoas que estão passando pelos estágios do luto e não conseguem superá-lo:
- Ter dificuldades, negação ou descrença para aceitar a morte do ente querido;
- Ter saudade intensa de querer estar com a pessoa falecida;
- Sentir uma parcela de culpa pelo ocorrido;
- Desejar ter ido embora junto com a pessoa falecida;
- Não confiar nas pessoas ao seu redor;
- Não se desvencilhar das lembranças que remetem ao ente querido;
- Não ter mais vontade de viver e perder o sentido da vida;
- Perder a vontade de realizar atividades que gostava;
- Raiva e amargura excessiva.
Dependendo do caso, as pessoas que não conseguem lidar com o luto de maneira saudável podem acabar desenvolvendo certos traumas e transtornos psicológicos, como, por exemplo, a depressão.
Por isso que o atendimento psicológico é necessário nesses casos. A presença e o apoio de parentes ou amigos é importante, mas não supre o auxílio que o psicoterapeuta pode dar às pessoas enlutadas que estão sofrendo intensamente.
O profissional irá ajudar na compreensão desse momento, a como encará-lo da melhor forma possível e utilizará estratégias para conduzir a pessoa enlutada a superar o luto, de forma que esse processo traga menos impactos negativos para a sua vida.
Se você perdeu alguém amado, está passando pelo período de luto e está sendo uma fase complicada e difícil de lidar, não deixe de buscar ajuda.
Aqui na Psicotér, temos profissionais qualificados que podem te ajudar a superar esse sofrimento. Fale conosco e agende já uma avaliação bônus!
Lisiane Duarte – CRP 07/12563
Psicóloga e Diretora Técnica da Psicotér