O medo do resultado positivo
Medo de morrer. Certamente isso resume o medo que se sente ao descobrir-se com HIV. Mas a realidade é outra de quem se descobre com o HIV nos dias atuais. Continua sendo um choque e tanto, o qual não se tem a mínima ideia da dimensão, a não ser que se passe por isso. Chorar, gritar, se desesperar e se frustrar é também absolutamente normal. O baque é grande…uma barra.
Com o diagnóstico, vem muitas perguntas sem respostas, da mesma forma as incertezas a respeito do que enfrentar daqui para frente. Além disso vem o medo de ficar doente, de passar por um sofrimento, de não ter muito tempo de vida. Questionamentos do que fazer da vida após a descoberta, de como será essa mudança de estilo de vida. Também de como me infectei e se infectei alguém, de como contar para os familiares, amigos e parceiro. Outras dúvidas de como será tomar medicações diariamente para o resto da vida, assim como a incerteza de como as pessoas irão reagir após a notícia. Essas perguntas começam a fazer parte do cotidiano do portador do HIV e consequentemente afetando a pessoa em sua saúde física e mental.
A busca por um culpado
Primeiro de tudo é muito comum ir em busca de saber quem transmitiu o vírus e ficar com raiva, com ódio. Vem a mágoa, o ressentimento. No entanto, alimentar emoções negativas só vai piorar a situação e seu psicológico, e também não vai mudar a realidade. Respire fundo e procure se acalmar. Todos nós estamos expostos e correndo o risco de se infectar, em maior ou menor grau. O mais importante não é tentar achar um culpado. O mais importante é organizar seus pensamentos e buscar informações de como é a vida de uma pessoa com o HIV nos dias atuais. As coisas mudaram muito de alguns anos para cá. E com essas informações, enfrentar a nova realidade da melhor forma possível e lidar com mais uma adversidade da vida.
A adaptação para quem tem HIV nos dias atuais
A partir do diagnóstico, a adaptação no estilo de vida se faz necessária. Será uma nova fase, onde a compreensão de como lidar com a família, com os relacionamentos será muito importante. Isso fará com que se consiga manter-se bem psicologicamente.
Apesar de todas as inseguranças e incertezas, também é importante assimilar que quem tem o HIV nos dias atuais, acima de tudo tem uma vida normal. Felizmente, a realidade de quem é portador mudou drasticamente nos últimos anos. Devido a medicações mais modernas consequentemente é possível se fazer um diagnóstico precoce, do mesmo modo o preconceito diminuiu e existe maior acesso a informações. Isso dá mais esperança, mais força para seguir em frente. Certamente que é uma barra lidar com essa realidade. Mas a vida de quem tem HIV nos dias atuais, é tranquila. Mas todos os cuidados devem ser tomados adequadamente. A qualidade de vida é quase igual a quem não tem o vírus. É completamente possível viver a realidade da melhor maneira possível, assim com ter uma excelente qualidade de vida.
Parece que apesar dos avanços científicos em relação à doença e além disso do conhecimento de que ter HIV não é mais uma sentença de morte, as pessoas portadoras ainda sofrem algum preconceito na família e na sociedade. Medo da rejeição faz com que a pessoa evite compartilhar o diagnóstico e consequentemente se isole. Além disso ter que lidar com o preconceito social e com seu próprio preconceito a respeito do assunto.
Trabalhando o psicológico
Vou poder me relacionar novamente? Essa é, provavelmente, a grande questão de quem tem o vírus. Pensar sobre o futuro e sobre como será se relacionar amorosamente com alguém causa muita ansiedade e insegurança, impactando diretamente a autoestima.
Devido a isso, para encarar essa nova fase, a orientação psicológica é extremamente importante. Fazer psicoterapia vai ajudar a esclarecer as dúvidas a respeito do tratamento e do estilo de vida que se irá adotar daqui para frente. Também vai auxiliar no aprendizado de vivenciar as emoções de forma intensa para assim ir em busca de uma maior aceitação, acima de tudo sendo um espaço seguro para compartilhar as incertezas, angústias e inseguranças que irão surgir, também buscar informações para sentir maior segurança para contar do diagnóstico à família, amigos e pessoas mais próximas a quem você realmente quer que saiba e acha que deve contar.
Também é importante trabalhar a dificuldade de descobrir-se com uma doença que não tem cura. Aprender a enfrentar o preconceito e a realidade sem perder as esperanças de que tudo vai ficar bem e procurar a melhor forma de ter uma vida saudável física e psicologicamente, esses serão tópicos abordados na psicoterapia. Acima de tudo a busca pela melhora da autoestima, da autoconfiança e da motivação, enquanto que o tratamento está sendo seguido de forma correta.
O medo de morrer
Medo de morrer? Muitos de nós temos. Morrer? Todos nós vamos, algum dia.
Portanto, mesmo após a descoberta do diagnóstico, procure valorizar a sua vida. Ame-se, aceite sua condição e viva da maneira mais plena possível. O HIV é somente uma característica sua, não uma sentença de solidão ou de morte. Procure ajuda quando precisar, não hesite. Pense na nova realidade como uma oportunidade de você retomar o contato consigo mesmo, assim com seu autocuidado e com seu amor próprio. Esse é o momento. Independentemente da condição em que vivemos, todos nós estamos em busca de uma única coisa: sermos felizes. Acima de tudo procure a sua felicidade.
Psicóloga especialista em Psicoterapia cognitivo-comportamental e Neuropsicologia
Uma resposta
Parabéns moça, ótima trabalho sobretudo pela empatia ao próximo , e entrar em um tema tão delicado.
Bom final de semana !