Palavrinha muito conhecida, a ansiedade é hoje um dos males que mais atingem as pessoas e é responsável pelo desenvolvimento de diversas doenças psicológicas, como a depressão, transtorno do pânico e os diversos transtornos de ansiedade.
Num mundo em que a noção de tempo e de espaço está fluida, em que as fronteiras perderam, certo modo, suas definições, podemos tudo e tudo está ao nosso alcance. Pois então, esta liberdade, considerada por muitos uma bênção, pode ser, também, uma maldição, pois, talvez, a maioria de nós ainda não saiba lidar com todas estas mudanças.
A seguir vocês terão cinco textos, nos quais falaremos sobre a ansiedade das mulheres entre a idade de 30 e 40 anos. Os temas abordados serão sobre:
- Maternidade;
- Autocuidado;
- Câncer de Mama;
- 2 Histórias de casos reais de mulheres na maturidade;
maternidade, autocuidado, câncer de mama e, por fim, duas histórias de mulheres que foram surpreendidas pela chegada da maturidade e que puderam, com isso, perceberem-se de maneira diferente daquela que vinham notando, em relação ao seu casamento e ao seu corpo
Esperamos que este material possa conversar com cada uma de vocês e ajudar a lançar luz sobre questões que vocês possam perceber ao seu redor, seja consigo mesma, algum familiar, amiga, ou mesmo conhecida.
Maternidade tardia: uma corrida contra o tempo que gera ansiedade
Uma das questões que mais levam pessoas ao consultório de psicoterapia atualmente é a ansiedade excessiva e persistente. Esse sintoma tem aumentado muito nos últimos anos, desencadeado pela preocupação constante com a obtenção de sucesso nas diversas demandas das quais somos pressionados diariamente.
Essa busca por sucesso tem interferido muito na dinâmica familiar e uma das situações em que percebemos isso é no fato de que a maioria das mulheres está adiando a decisão por ter ou não filhos para depois de já estarem com a carreira definida e a situação financeira estável.
Essa decisão, no entanto, nem sempre vem de forma tranquila e ponderada, visto que a mulher sofre pressão de diversas maneiras para ser mãe.
Enquanto está envolvida com os estudos e cursos de aperfeiçoamento, bem como com o plano de carreira, a mulher está focada nessa área de sua vida e os pensamentos acerca da maternidade são deixados de lado.
Nessa fase, a pressão que sofre pela família por ter filhos não influencia tanto, pois tem argumentos para si mesma e para os outros para adiar tal decisão, visto que está envolvida com a construção do futuro financeiro familiar.
Entretanto, ao alcançar a situação financeira (e/ou de status) almejada, é comum algumas mulheres sentirem que lhes falta algo, que não estão satisfeitas e sua atenção se volta para a possibilidade da maternidade. Nesse caso, a pressão interna emocional as levam a tomar a decisão por ter filhos.
Além da pressão interna e da familiar, outro tipo de pressão que costuma ocorrer é a biológica. Apesar de a medicina ter avançado muito nas últimas décadas, existem fatores biológicos que determinam maiores riscos e cuidados na gravidez tardia, que influenciam na decisão da maternidade antes dos 40 anos.
Esses fatores podem dificultar todos os momentos da gestação a começar na fertilidade. Como ao passar do tempo, a quantidade e a qualidade dos óvulos diminuem, dificultando a fecundação e a manutenção do embrião no organismo, propiciando a ocorrência de abortos.
Além disso, há maior probabilidade de nascimentos de bebês com Síndrome de Down e outras doenças cromossômicas. Da mesma forma, é aumentado o risco para a gestante desenvolver doenças como hipertensão, por exemplo.
Essas são algumas das dificuldades enfrentadas pela mulher na gravidez tardia, considerada de risco. Existem tratamentos e medicamentos que atenuam algumas dessas dificuldades, entretanto, o risco de desenvolvê-las existe e essa possibilidade faz com que as mulheres, ao passarem dos trinta anos, sofram por ansiedade devido à pressão sofrida.
A ansiedade acaba se tornando outro fator a dificultar a gravidez, pois acompanha pensamentos de medo e angústia, muitas vezes gerando sintomas físicos, inclusive. É muito comum o relato de mulheres que, sofrendo por ansiedade, demoram anos para engravidarem. Essa demora acaba gerando mais ansiedade, pois vira uma corrida contra o tempo.
Outras mulheres, apesar de se esforçarem para alcançar a estabilidade no trabalho, nem sempre conseguem, infelizmente. Nesse caso, optam por adiar ainda mais a gravidez por se sentirem inseguras quanto à criação do filho, o que lhes gera ainda mais frustração e ansiedade.
Sandra Arreal – CRP 07/12064
Psicóloga Clínica, em formação em Técnicas de Revivência Transpessoal
Ansiedade: um chamado para o autocuidado
O ritmo de vida pós-moderno está tão acelerado que se tornou “normal” vermos pessoas com transtornos de ansiedade, sendo esse já considerado o mal do século XXI. A busca por ajuda para solucionar este mal é cada vez mais recorrente nos consultórios médicos e psicológicos, pois o sofrimento causado por estados ansiosos é realmente significativo.
O desconforto não é apenas emocional, na maioria das vezes, pois o corpo também sente os impactos da ansiedade e os externaliza em sintomas como: taquicardia, insônia, sudorese e alteração na pressão arterial.
As razões para que estes quadros se instaurem são as mais diversas, sendo que podemos considerar que certo nível de ansiedade é inerente ao ser humano, pois inevitavelmente vivenciaremos situações, ou as criaremos mentalmente, que despertam este sentimento de angústia.
Analisando mais especificamente o sexo feminino, na faixa etária de 40 anos, é frequente encontrarmos mulheres que vivem sintomas de ansiedade relacionados a sentimentos de vazio e dúvidas sobre seu propósito de vida, pois muitas vezes essas mulheres se dedicaram nos últimos 15-20 anos de sua vida a construção de uma família e da sua carreira, mas muitas delas se desconectaram de suas necessidades pessoais.
Dedicar-se à construção de uma família e à ascensão profissional é, sem dúvida, relevante para boa parte das pessoas e reflete anseios naturais da vida humana, no entanto vemos muitas mulheres dedicarem grande parte do seu tempo e energia para conquista desses objetivos e, ao se darem conta que estas esferas da sua vida já estão encaminhadas, um sentimento de angústia pode tomar espaço em função de perceberem que deixaram de lado suas próprias necessidades e aspirações individuais.
Para dar conta das demandas da vida de casada (marido, filhos e afazeres domésticos) e ainda de seus empregos, as mulheres muitas vezes deixam em segundo – ou último – plano o autocuidado.
Ao constatar que seu tempo não é dividido de forma equilibrada e que dedicam boa parte do seu dia aos outros, muitas vezes não priorizando a própria saúde e aspirações pessoais, essas mulheres reconhecem que estão estressadas e cansadas da rotina.
Neste momento é comum o sentimento de ansiedade e também de desmotivação, pois há algo dentro delas que as inquieta e convida a olhar para suas vidas e repensar as escolhas que vêm fazendo até então. E por mais difícil que possa ser encarar essa realidade, este momento de reavaliação é de extrema importância para que novas metas sejam traçadas.
Os sentimentos negativos, como angústia e cansaço, comuns a estes momentos de questionamento, costumam ser os propulsores de mudanças necessárias em nossas vidas. Eles nos fazem refletir sobre as escolhas que fizemos até então e sobre a necessidade de avaliarmos as demandas que se apresentam agora, os novos desafios que devemos encarar e àquilo que ficou em segundo plano, mas que merece atenção e precisa ser desenvolvido.
Nesta fase de vida, em torno dos 40 anos de idade, é comum este chamado interior ao autoconhecimento e a conexão com o propósito de vida, caso estejamos desconectados do mesmo.
A busca por ajuda profissional, em muitos casos, se dá em função da necessidade de tratar os sintomas decorrentes da rotina estressante e da falta de sentido da vida, como mencionado antes.
No entanto, sentimentos de ansiedade e depressão são, recorrentemente, alertas que nos fazem parar e refletir sobre o que estamos criando em nossas vidas, a fim de que possamos encarar a realidade que vivemos e ver o que precisa ser mudado.
Iniciar psicoterapia nestes momentos de vida pode ser o “remédio” de que precisamos para curar estes sintomas, já que as respostas costumam estar dentro de nós mesmos.
Otimismo X ansiedade: o câncer tem vários sentimentos.
O diagnóstico do câncer de mama tem um efeito devastador na vida da pessoa que recebe, é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células da mama que se multiplicam formando um tumor.
Nacionalmente está entre os tipos com maior incidência entre as mulheres e vem crescendo cada vez mais ao longo dos anos, infelizmente o diagnóstico em mulheres na faixa etária dos 35 – 45 anos é bastante difícil de concluir, mas não exclusivo gerando conflitos e tornando-se um problema de saúde pública como também um fator estressor gerador de alterações biopsicossocial na mulher com esse diagnóstico.
Ao ser confirmado o câncer, o impacto da notícia faz com que as pacientes fiquem rodeadas de pensamentos negativos, uma distorção na percepção da sua auto imagem, baixa autoestima, sensação de descrença na vida, medo de enfrentar a doença, isso tudo vem acompanhado de um gerador de ansiedade para o qual não estão preparadas para demandar mais esforços neste momento, sua identidade já está abalada e precisa lidar com essa nova mulher que surgiu.
Você não pensa no câncer como algo que vai acontecer na sua vida ainda mais tão nova, você sempre escutou que era uma doença de meia idade.
Sua vida está numa fase de realizações profissionais e pessoais ou talvez não; você ainda simplesmente pode não ter decidido o que fazer, pois não tem pressa, pode estar envolvida com os filhos, como criá-los melhor; ou o seu relógio biológico está avisando que você não tem muito mais tempo e precisa decidir logo se quer ter um; lidar com o fato de estar mais perto dos 40 anos isso pode trazer incertezas, inseguranças do que já fez e o que ainda sonha em fazer, a busca do autoconhecimento, as idealizações e as prioridades da sua vida, adaptabilidade dessa nova mulher nesse momento.
Na trajetória do câncer, a depressão, a raiva e a ansiedade manifestam-se durante diversos momentos desde o diagnóstico que pode ser assustador, como durante o longo tempo de tratamento que precisará se submeter e após a tão sonhada certeza de que estará livre da doença.
Ele tem um efeito devastador na vida de quem recebe a notícia, um fator com um grande impacto emocional gerador de muita ansiedade ainda mais quando e uma palavra dolorida de se escutar um segredo difícil de ser partilhado, barrado ou entendido. O
significado da palavra câncer é vivido e sentido de maneira diferente para cada mulher, mas o que não é diferente é a maneira como cada uma vive a sua ansiedade os sentimentos despertados, os vários tipos de pensamentos em primeiro lugar O porque aconteceu isso comigo? O que fiz de errado para merecer tamanho castigo?
Ansiedade em escutar o resultado e descobrir a doença, ansiedade em função de todo o tratamento que pode envolver quimioterapia, radioterapia, algumas vezes até a necessidade de uma mastectomia, mutilação? um desespero, sensação de punição, descrença da vida, desconforto geral mexe com seu lado profissional, pessoal e até mesmo espiritual.
Como não ficar ansiosa com tantas mudanças repentinas, nos relacionamentos pessoais, vida sexual, atividades físicas, e não tão importante a vaidade o seu feminismo a sua vontade de olhar no espelho e se amar, o desespero de perder os cabelos, sua identidade sendo desconstruída.
Ansiedade pode estar vinculada a uma resposta do seu corpo reagindo frente ao estresse de viver toda a doença, um processo que começa inconsciente, um estado emocional caracterizado por sentimentos de tensão, preocupação e pensamentos ruins.
Ela pode ser persistente interferindo no dia-a-dia, pensamentos negativos que podem agravar os sintomas fisiológicos e emocionais. Cada pessoa é única, dessa forma identificar o que dispara seus gatilhos ajuda na resposta de suas tensões, fazendo com que possa adotar diferentes tipos de estratégias para enfrentamento da doença.
O cérebro é o principal responsável por iniciar essa cadeia química de mensagens que informa o corpo através de sintomas que podem ser tanto emocionais, fisiológicas, comportamentais ou cognitivos.
Mas como manter-se otimista frente a tudo isso pelo qual está passando? Acreditar na sua capacidade de superação, manter-se confiante e resiliente, como manter isso.
É necessário trabalhar as sua forças, descobrir de forma apreciativa as suas potências para uma qualidade da vida, redescobrir ou relembrar as pequenas felicidades aquilo que te faz o teu coração ficar tranquilo, ajudar a redirecionar a sua forma de tratamento, olhar a mesma situação de outro ângulo, falar dos problemas ajuda a diminuir ansiedade.
O psicólogo pode ajudar você na escolha de uma estratégia a ser utilizada para descobrir e enfrentar a natureza do estressor, ajudando a diminuir a ansiedade e determina a forma como cada paciente vai minimizar o seu problema.
Ações construtivas usando mecanismos de enfrentamento de maneira consciente, o suporte familiar, o apego a uma crença, pensar positivo, despertam atitudes e sentimentos de esperança podem contribuir para a recuperação.
Cada escolha que fazemos de forma positiva desperta autoconfiança, segurança em encarar todo um tratamento, ajuda a trabalhar as habilidades, ser mais otimista para que possa aumentar os índices de felicidade, bem estar e satisfação, transformando os sentimentos de raiva, angústia e ansiedade.
Dessa forma é possível durante o tratamento de câncer ter esperança, criar otimismo, fazer planos futuros, realizar sonhos, abandonar ansiedade da doença por promoções e realizações de uma qualidade de saúde mental mais sadias, enfatizando a melhora da doença até o fim de todo o processo.
Gabriela Bandeira Pereira CRP 07/27940
Psicóloga Clínica
O divórcio de Marina
Imagine uma mulher em plena ascensão profissional aos 38 anos. Essa é Marina, casada há 14 anos, mulher batalhadora que se depara com as portas abertas para desbravar seus sonhos e realizações profissionais. A mulher que se encontra refletida no espelho, não mais a adolescente cheia de planos e sonhos, está decolando em sua carreira profissional.
Porém, vê-se paralisada diante da possibilidade de dar asas a sua temerosa vontade de se divorciar. Seu marido não almeja um crescimento maior do que já tem em sua carreira, está estagnado na mesmice e isso desacomoda Marina. Além disso, o ciúmes do marido, a falta de interesse no relacionamento e na vida e a amizade que se sobressaiu ao desejo amoroso também pesam na decisão.
Marina, então, está diante de várias questões: como viver sozinha, depois de tanto tempo tendo alguém para compartilhar? E se eu ficar sozinha para sempre? Será que vou conseguir arcar com as contas sem ter com quem dividir? É culpa minha nosso desencontro mesmo quando nos encontramos?
Contudo, junto aos questionamentos sobre seu relacionamento, Marina mergulha na ansiedade quando se depara com o incerto, o imprevisto e a falta de controle, e diante desse mundo novo e o desejo de voar sem amarras a faz caminhar junto com um novo sentimento não bem-vindo.
A ansiedade de Marina começa a aparecer. E em forma de questionamento sobre seu relacionamento, sobre separação, vida a dois, olhar para si diante daquele espelho e ver seu potencial ser possivelmente prejudicado em função do parceiro tem lhe tirado noites de sono. As enxaquecas são frequentes, irritabilidade no trabalho a qualquer hora do dia e crises de ansiedade acompanhadas de choro frequente, taquicardia e sensação de falta de ar.
Além dos sintomas apresentados por Marina, o divórcio pode acarretar diversos outros sintomas psicológicos e somáticos como: transtorno do pânico, estresse pós-traumático, insônia, dores de cabeça, dores na coluna, medo de morrer, entre outros. Não é fácil desfazer-se de uma vida de crescimento pessoal ao lado de alguém em que se construiu uma bela história sem sair com feridas emocionais.
Marina procurou, então, uma psicóloga da Psicotér que, além de questionar seu relacionamento, a convidou a refletir sobre suas escolhas, sua individualidade, feminilidade, seus desejos, inseguranças e medos. Adentrar em um mundo novo pode ser aterrorizante.
Dar-se conta que o parceiro do início da vida adulta não mais se encaixa na sua vida presente desencadeia uma série de sintomas que Marina tentou esconder de si mesma por um bom tempo. Sendo assim, o atravessamento das questões de seu relacionamento com suas questões singulares de autoconfiança, autoestima e medo de ficar sozinha, resultam na ansiedade diante do novo, do desconhecido, junto a certeza de que trilhar seu caminho sozinha pode gerar desconforto no início, mas com auxílio e suporte, fica mais fácil lidar com o inesperado.
Marina descobriu, com a psicoterapia, novas habilidades emocionais para enfrentar a dura ansiedade de separação. A ansiedade, intimamente ligada a perda e luto que sentiu ao pensar e de fato se separar, veio acompanhada do primeiro passo de superar sua angústia: reconhecer e identificar seus sentimentos e aceitar que existe um processo de transição que, embora nem sempre seja fácil, faz-se necessário.
Assim, Marina aprendeu a identificar e controlar sua ansiedade, não só pós divórcio, mas diante do novo, do desconhecido e assim segue trilhando seu caminho com mais amadurecimento e autoconhecimento.
Juliana Bolsson – CRP: 07/17845
Mestre em Psicologia Clínica
Especialista em Atendimento Psicanalítico
Meu corpo mudou, e agora?
Laís é uma mulher de quarenta anos que sempre teve problemas com seu corpo. Não que ela fosse gorda ou algo parecido, mas, durante toda a sua infância e adolescência, sofreu pressões da família para estar magra. Era sempre chamada de “gordinha” e suas tias cuidavam até do conteúdo e tamanho de seu prato.
Por isso, Laís passou sua vida inteira cuidando de seu corpo. Lembra que começou a cuidar-se desde a adolescência, pois, se não o fizesse, ninguém iria querer namorá-la. Passou a vida cuidando-se com bastante êxito, até que, com cerca de 35 anos, engordou bastante, em decorrência de uma experiência de estresse vivida no trabalho. Laís chegou a ganhar cerca de dez quilos no decorrer de dois anos e, aos 39 anos, estava bem acima do peso com o qual ela se sentia bem.
O que aconteceu com Laís? Ela se descuidou? Ela é realmente a relaxada que suas tias diziam que era?
Laís, neste período, tentou diversas dietas. Começava na segunda, mas não conseguia seguir por mais de quinze dias a um mês. Ela perdia algum peso, saía da dieta e voltava a engordar. Cada vez que isso acontecia, Laís ficava mais chateada consigo mesma e mais frustrada com as suas tentativas de emagrecer. Sua ansiedade, assim, ficou cada vez mais alta e ela se cobrava demais por não conseguir retomar o peso que tinha há algum tempo.
Como sua ansiedade estava alta, ela fazia mais visitas à geladeira e seus pratos ficavam cada vez maiores. Com isso, seu peso só aumentava. Em um círculo vicioso de tentar emagrecer e não conseguir, Laís procurou uma nutricionista, que indicou dieta e exercícios.
Esta profissional explicou a Laís as mudanças no metabolismo que acontecem com a idade, as mudanças no corpo e a maneira como a mulher com mais de 35 anos perde ou ganha peso. Além disso, a nutricionista indicou atendimentos psicológico para Laís, para ajudá-la a lidar com sua ansiedade, os rompantes de fome e entender os motivos que levam esta mulher a preocupar-se tanto assim com sua forma física.
Laís, então, procurou a Psicotér e iniciou a psicoterapia. Com sua terapeuta, ela entendeu sua ideia de corpo, a maneira como ela sempre foi cobrada não só para ter um corpo perfeito, mas também para ser eficiente em outros aspectos de sua vida. Na psicoterapia, Laís entendeu que sua relação com seu corpo sempre foi perpassada por críticas e idealizações.
Ela pôde olhar para seu passado e percebeu que não era uma criança ou adolescente gorda, apenas tinha bochechas grandes.
Laís entendeu que sua autocobrança é a grande responsável por sua grande ansiedade e que, cada vez que se frustra por não ser a melhor no que faz, compensa na comida. Comida que, ao mesmo tempo, a faz ser imperfeita.
Ela entendeu que se boicota, que usa desculpas para sair da dieta e que, ao mesmo tempo em que deseja emagrecer, a comida é o espaço que tem de prazer e de satisfação.
Ela entendeu que seu corpo é somente um depositário de suas ansiedades e que outros sentimentos a incomodavam, mas ela descontava na comida e em seu corpo. Ela entendeu que as formas femininas mudam com o passar do tempo e que aquela calça que ela usava aos 20 anos, talvez não sirva mais e isso não é um problema.
No o decorrer das consultas, Laís conseguiu manter sua dieta e perder peso. Ela entendeu sua relação com seu corpo, com a comida, consigo mesma e com os traumas e frases de seu passado.
Hoje, Laís se conhece melhor e sabe lidar consigo. Entende que ela é eficiente e bem-sucedida, mesmo que cometa falhas. Ela cobra-se menos e consegue entender que errar é normal e não nos faz piores que ninguém.
Anne Griza
Psicóloga clínica
Mestre em Administração