Pesquisas mostram que cerca de 80% das pessoas desistem das metas para o ano novo antes do mês de março. Um estudo da Universidade de Scranton revelou que apenas 8% conseguem manter seus objetivos ao longo do ano.
Na psicologia, esse dado não está relacionado à falta de força de vontade, mas à presença de expectativas irreais, baixa autorregulação emocional e ausência de estratégias práticas.
Definir metas para o ano novo vai muito além de criar uma lista de desejos, trata-se de um processo psicológico que envolve planejamento, mudança de hábitos, constância e autoconhecimento. Quando bem estruturadas, as metas ajudam a reduzir a frustração, fortalecer a autoeficácia e promover melhorias reais na saúde mental.
Ao longo deste artigo, você vai entender por que criar metas é tão importante, por que tantas pessoas desistem e como estabelecer objetivos para o ano novo de forma realista, possível e alinhada à psicologia.
Por que devemos fazer metas?
As metas funcionam como um direcionador mental. Sem objetivos claros, o cérebro tende a repetir padrões automáticos, mesmo que eles não tragam satisfação ou bem-estar.
Quando uma pessoa define metas, ela dá ao cérebro um sentido de direção. Isso reduz a sensação de estar perdida, aumenta a clareza nas decisões diárias e favorece escolhas mais conscientes.
Ter metas aumenta a sensação de controle sobre a própria vida. Essa percepção é fundamental para a saúde mental, pois diminui a ansiedade associada à estagnação e ao sentimento de improdutividade.
Além disso, metas bem definidas fortalecem a autorregulação emocional. Elas ajudam a lidar melhor com erros, ajustes de rota e frustrações, transformando falhas em aprendizado e não em motivo para desistir.
O efeito do “novo começo” no nosso cérebro
O chamado efeito do novo começo é amplamente estudado pela psicologia comportamental. Datas simbólicas, como o início do ano, criam uma divisão mental entre o “eu do passado” e o “eu do futuro”.
Essa separação psicológica aumenta a percepção de possibilidade. A pessoa sente que pode deixar erros para trás e recomeçar, o que eleva a motivação inicial.
Nesse período, há maior liberação de dopamina, neurotransmissor ligado ao sistema de recompensa. Isso gera entusiasmo, energia e sensação de esperança.
O problema é que esse pico emocional é temporário, quando a motivação diminui, apenas metas sustentadas por disciplina, constância e planejamento conseguem se manter ao longo do ano.
Por que a maioria das pessoas desistem das metas do ano novo?
A desistência está fortemente associada à síndrome da falsa esperança, ela ocorre quando a pessoa acredita que a mudança será rápida, fácil e sem esforço emocional.
Quando os primeiros obstáculos surgem, a expectativa irreal entra em choque com a realidade, gerando frustração e desânimo.
Outro fator comum é a procrastinação, frequentemente alimentada pela autossabotagem. Metas muito grandes ou mal definidas fazem o cérebro interpretar a mudança como ameaça.
Sem estratégias práticas, a frustração se instala rapidamente. Isso reduz a autoeficácia, aumenta a culpa e impacta diretamente a saúde mental.
Como definir metas para o ano novo usando o método SMART na psicologia
O método SMART é uma das ferramentas mais eficazes para transformar desejos em objetivos concretos. Ele é amplamente utilizado na psicologia, no coaching e no desenvolvimento pessoal.
Ao estruturar metas dessa forma, o cérebro entende com mais clareza o que precisa ser feito, reduzindo a ansiedade e a procrastinação.
Específicas
Metas genéricas confundem o cérebro e dificultam a ação. Quanto mais específica for a meta, mais fácil será transformá-la em comportamento. Clareza reduz insegurança e aumenta a sensação de controle.
Por exemplo, em vez de definir como meta “quero cuidar mais de mim”, uma meta específica seria “quero reservar 20 minutos, três vezes por semana, para uma atividade de autocuidado“. Esse nível de detalhe orienta o cérebro sobre o que exatamente precisa ser feito.
Outro exemplo comum é trocar “quero estudar mais” por “quero estudar 40 minutos por dia, de segunda a sexta, para me preparar para uma nova certificação”.
Mensuráveis
Metas mensuráveis permitem acompanhar o progresso de forma concreta. Isso ativa o sistema de recompensa, aumenta a dopamina e reforça a motivação.
Um exemplo de meta mensurável é “ler 12 livros ao longo do ano”, pois é possível acompanhar quantos já foram lidos. O mesmo vale para “economizar R$ 300 por mês” ou “fazer atividade física três vezes por semana”.
Quando a pessoa consegue visualizar o avanço, mesmo que pequeno, a sensação de conquista aumenta e favorece a constância.
Alcançáveis
Metas precisam considerar a realidade atual da pessoa. Objetivos inalcançáveis aumentam frustração e favorecem o abandono precoce.
Se alguém não pratica exercícios há anos, estabelecer como meta “treinar todos os dias por duas horas” tende a gerar exaustão e autossabotagem. Um exemplo mais alcançável seria “caminhar duas vezes por semana durante 30 minutos”.
Metas possíveis respeitam limites emocionais, rotina e nível de energia disponível.
Relevantes
Metas relevantes estão alinhadas aos valores pessoais e às necessidades emocionais, quando fazem sentido, a disciplina se torna mais natural.
Por exemplo, aprender um novo idioma pode ser relevante para quem deseja mudar de carreira ou viajar. Já para outra pessoa, a relevância pode estar em metas ligadas à saúde mental, como reduzir a carga de trabalho ou melhorar a qualidade do sono.
Quanto maior o significado da meta, maior o engajamento ao longo do tempo.
Temporais
Definir prazos ajuda o cérebro a sair da inércia. Metas sem tempo definido tendem a ser constantemente adiadas.
Um exemplo é substituir “quero juntar dinheiro” por “quero juntar R$ 5.000 até dezembro”. O prazo cria urgência e facilita o planejamento.
Metas temporais ajudam a combater a procrastinação e a manter o foco nas ações diárias.
10 passos para o estabelecimento de metas
Estabelecer metas exige reflexão, planejamento e flexibilidade.
Passo 1 – Avaliação do último ano
Uma das melhores maneiras de mudar a perspectiva é tentar analisar os obstáculos sob a ótica do aprendizado. Analisar de que forma você lidou com o problema e considerar o que você fez de positivo para que o objetivo fosse alcançado auxilia a continuar batalhando pelo que quer.
Avalie o ano anterior com calma e honestidade, observe não apenas o que deu certo, mas também o que não funcionou e por quê.
Esse olhar evita a repetição de padrões e ajuda a transformar frustrações em aprendizado, fortalecendo a autoeficácia.
Passo 2 – Objetivos
Defina poucos objetivos para o ano novo. Muitas metas ao mesmo tempo aumentam a sensação de sobrecarga e favorecem a procrastinação.
Você não precisa se cobrar tanto, não queira fazer tudo perfeito, pois isso só irá gerar frustração e, como consequência, menos motivação você terá.
Pense de forma objetiva sobre o que você almeja, procure ser o mais específico possível sobre onde você quer chegar e que este objetivo seja atingível em um período de tempo estabelecido por você;
Quando há foco, o cérebro consegue direcionar melhor energia e atenção, facilitando a constância.
Passo 3 – Autocuidado
Inclua metas ligadas ao autocuidado e à saúde mental. Elas sustentam todas as outras áreas da vida. Cuidar da saúde emocional reduz a autossabotagem e melhora a capacidade de lidar com desafios.
Não espere somente que coisas boas irão acontecer. Dificuldades e fracassos são comuns em nossas vidas, nem sempre acertamos nas escolhas. Assim, se você tiver plena consciência de que pode enfrentar dificuldades e vontade de desistir, provavelmente se sentirá mais resistente e tendo mais facilidade para superar as dificuldades.
Passo 4 – Pequenas metas
Divida cada meta em micro-passos claros e possíveis. Isso reduz a resistência interna e torna a ação mais acessível. Pequenos avanços ativam o sistema de recompensa e aumentam a motivação.
Faça aos poucos, você não precisa tentar concluir o que você colocou como meta de uma só vez, pois quanto mais você se cobrar por um resultado rápido, menos motivação terá para seguir em frente. Organizar o tempo e ir fazendo aos poucos ajuda a não se sentir pressionado e sem saída.
Passo 5 – Antecipação
Antecipe obstáculos reais, como falta de tempo ou cansaço emocional. Planejar alternativas reduz frustração e evita abandono diante das primeiras dificuldades.
Entenda que sentir-se frustrado é normal, aprender a lidar com o fracasso o ajuda a manter a sua energia mental positiva.
Passo 6 – Auto avaliação
Observe padrões de procrastinação e autossabotagem sem julgamento. Compreender esses comportamentos é essencial para criar estratégias mais eficazes.
Mantenha-se positivo, mesmo diante das dificuldades. Isso fará com que você tenha maior clareza para achar uma solução.
Passo 7 – Rotinas
Construa rotinas simples que favoreçam a mudança de hábitos. A repetição consistente é mais importante do que a intensidade.
Esforce-se continuamente, se você mantiver o ritmo contínuo, menos desgastado se sentirá.
Passo 8 – Visualização
Registre avanços, mesmo os pequenos. Visualizar progresso fortalece a percepção de conquista. Isso contribui para a disciplina e para a constância.
Passo 9 – Celebração
Celebre pequenas conquistas ao longo do caminho. Reconhecer avanços reduz a frustração e mantém o engajamento.
Passo 10 – Revisão
Revise suas metas periodicamente e faça ajustes necessários. Flexibilidade evita expectativas irreais e favorece a continuidade.
Tente de novo e de novo. Se algo deu errado, procure não parar até alcançar o que você deseja. Não se assuste com o fracasso, você vai conseguir se mantiver o pensamento positivo.
Estratégias práticas para manter a constância
Manter a constância é mais importante do que buscar perfeição. A disciplina construída aos poucos é mais eficaz do que grandes esforços pontuais.
A constância protege contra a frustração e ajuda a manter o engajamento mesmo quando a motivação diminui.
A regra dos micro-passos
Micro-passos reduzem a resistência emocional e tornam a mudança de hábitos mais acessível. Pequenas ações diárias são suficientes para gerar progresso e fortalecer a autoeficácia.
Por exemplo, em vez de criar a meta de “meditar 30 minutos todos os dias”, um micro-passo seria “meditar por 3 minutos após acordar”. Essa redução diminui a chance de procrastinação e facilita o início.
Outro exemplo comum é trocar “organizar toda a casa” por “arrumar apenas uma gaveta por dia”. Com o tempo, esses pequenos passos geram resultados consistentes e aumentam a confiança na própria capacidade.
O poder do ambiente
O ambiente influencia diretamente o comportamento. Ajustes simples reduzem a dependência de força de vontade e facilitam escolhas mais saudáveis.
Se o objetivo é se alimentar melhor, deixar frutas visíveis e alimentos ultraprocessados fora do alcance já facilita decisões mais conscientes. O mesmo vale para estudos ou trabalho: um ambiente organizado reduz distrações e aumenta o foco.
Pequenas mudanças no espaço físico funcionam como aliados da disciplina, diminuindo a autossabotagem.
Monitoramento e recompensas
Acompanhar resultados mantém o cérebro engajado. Recompensas conscientes fortalecem o sistema de recompensa e aumentam a sensação de conquista.
Um exemplo de monitoramento é usar um calendário ou aplicativo para marcar os dias em que a meta foi cumprida. Visualizar a constância ativa a dopamina e aumenta a motivação.
Já as recompensas podem ser simples, como reservar um tempo para uma atividade prazerosa após uma semana de constância. O importante é que a recompensa não sabote a própria meta.
Como a terapia ajuda a conquistar suas metas?
A terapia online ajuda a identificar padrões emocionais que dificultam a constância. Durante o processo terapêutico, é possível compreender a origem da autossabotagem, da procrastinação e das expectativas irreais.
O acompanhamento psicológico fortalece a autorregulação emocional e a autoeficácia. Isso permite criar metas mais realistas, sustentáveis e alinhadas ao autocuidado e à saúde mental.
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Dúvidas frequentes sobre criar metas para o ano novo
Quais são as metas mais comuns para o ano novo?
As metas mais comuns envolvem saúde, carreira, finanças e relacionamentos. Elas refletem o desejo por melhorias na qualidade de vida.
Quais são as melhores metas?
As melhores metas são possíveis, flexíveis e alinhadas aos valores pessoais. Elas respeitam limites emocionais e contextuais.
O que colocar na lista de metas do ano novo?
Inclua objetivos claros, realistas e ajustáveis. Evite expectativas irreais e priorize constância.


