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ToggleO que é a oniomania?
A oniomania, ou Transtorno do Comprar Compulsivo, é um transtorno que tem como sintoma os gastos excessivos e em itens supérfluos. Os gastos são vistos como uma forma de suprir carências emocionais ou aliviar a ansiedade. Essa condição atinge cerca de 3% da população mundial, e pode acompanhar outros transtornos, como TOC, bipolaridade e depressão.
Como identificar a presença de oniomania?
Alguns sintomas podem te ajudar a identificar a presença de oniomania:
- Compra compulsiva de itens que não são necessários;
- Comprar coisas que você já possui;
- Fazer compras toda vez que se sente triste, frustrado, ansioso ou estressado;
- Se sentir aliviado ao finalizar uma compra;
- Sentir angústia quando passa muito tempo sem fazer compras;
- Incapacidade de guardar dinheiro ou seguir um planejamento financeiro;
- Passar muito tempo pensando no que comprar em seguida;
- Pegar empréstimos para gastar em compras desnecessárias;
- Falta de controle com cartões de crédito e dívidas que ficam cada dia maiores;
- Esconder as compras e dívidas da família e/ou amigos por sentir vergonha ou medo.
Pode ser difícil reconhecer a oniomania. Muitos veem essas “comprinhas” como algo inofensivo ou apenas como uma forma de passar o tempo. Muitos não percebem que as compras saíram do controle. Outros acreditam que todos os itens comprados são necessários e, portanto, o gasto não foi em vão.
A pandemia tem efeito sobre a oniomania?
Durante a pandemia, nossos hábitos de consumo mudaram drasticamente. Impedidos de sair de casa e visitar lojas físicas para fazer compras, acabamos migrando para as lojas online (ou e-commerce).
Muitas empresas que ainda não possuíam e-commerce ou o usavam apenas como alternativa passaram a focar nessa modalidade para atender a demanda dos consumidores. Comprar ficou mais simples com um catálogo online infinito e a opção de comparar preços de lojas em todo o Brasil com apenas alguns cliques. Assim, já era esperado que o uso do e-commerce crescesse exponencialmente durante todo o ano de 2020.
E, para os que sofrem de oniomania, essa opção é muito atrativa. As lojas online passaram a fazer promoções, oferecer frete grátis e entregas cada vez mais rápidas. Com a opção de pagar tudo no cartão de crédito, muitos perderam o controle e começaram a fazer grandes volumes de compras pela internet. Além disso, a ideia de poder comprar a qualquer horário e em qualquer lugar atrai os que querem aliviar instantaneamente a ansiedade.
Precisamos entender a diferença entre fazer compras eventualmente, sem prejudicar nossas finanças, e comprar itens desnecessários compulsivamente. Aproveitar as promoções do e-commerce para comprar itens necessários e/ou que vão te trazer bem-estar é diferente de acreditar que a sua felicidade depende de quantos itens você comprou.
Como parar de comprar?
Muitas vezes, ao reconhecer que a situação se tornou prejudicial, a pessoa tenta parar de comprar e se livra de cartões de crédito ou cancela contas no banco. Mas isso pode causar uma ansiedade incapacitante, causando queda no desempenho e incapacidade de descansar até que a pessoa volte a comprar.
Não é simples parar de comprar. Isso porque abstinência de compras gera muito estresse e sentimentos como angústia, tristeza e frustração. Além disso, muitas vezes a pessoa que sofre de oniomania não sabe como aliviar os sintomas. Então, ela não tem escolha além de fazer compras para aliviar a compulsão.
Assim, o ideal é que ao reconhecer os sintomas, você procure um profissional. Ele irá avaliar a presença do transtorno, a relação com outros transtornos ou sintomas e, principalmente, também a melhor opção de tratamento.
Muitas vezes a compulsão pode ser causada por problemas mais profundos, que serão trabalhados na psicoterapia; isso pode resolver outras questões que não necessariamente são causadas pela oniomania, mas têm a mesma origem.
É muito importante procurar o apoio de um psicoterapeuta antes que as dívidas se tornem extremas e/ou os familiares e amigos se afastem. Afinal, é melhor contar com ajuda para tratar a oniomania e deixar as “comprinhas” para trás do que chegar a um ponto em que você não tem mais dinheiro para coisas essenciais, como alimentos, aluguel, etc.
Assim, faça um gasto consciente: invista no autoconhecimento e comece a praticar o autocuidado. Sua saúde mental vai agradecer – e o seu bolso também!
Lisiane Duarte – CRP 07/12563
Psicóloga e Diretora Técnica da Psicotér
Texto por: Netuno – redatora da Equipe Psicotér