Problemas na família, quem não tem?
Problemas na família é um tema que leva muitas pessoas a procurarem auxílio profissional. O primeiro contexto social que conhecemos e nos experienciamos é a família. É onde iniciamos a aprendizagem sobre a relação com o outro.
É nessa primeira referência que vão se formando noções de valores, papéis sociais e emoções que participam da formação da nossa personalidade. É também na família que nascem alguns conflitos e obstáculos.
As dificuldades que uma pessoa enfrenta não decorrem apenas das suas condições internas, mas também está atrelado as interações com o contexto na qual está inserido.
O impacto desse ambiente é recebido e atua-se sobre ele, influenciando-o e formando um ciclo vicioso. Justamente por isso, é no contexto familiar que encontram-se soluções para alguns problemas.
Muitos desses conflitos são resolvidos no dia-a-dia, através da resiliência de cada grupo familiar. Contudo, alguns permanecem, acompanhando a família por longos períodos, causando dificuldades e sofrimentos. Nesses casos, a ajuda de um profissional pode ser muito útil.
O que é a terapia familiar?
A terapia familiar surgiu na década de 50, e vem se desenvolvendo desde então, construindo uma longa história de mudanças paradigmáticas e revolucionando a psicologia, visto o seu objetivo que, ao contrário da terapia individual, é tratar o conjunto, ou seja, o grupo familiar.
O objetivo dessa terapia é melhorar o relacionamento de todos os membros que compõe a família. É uma forma de compreender e trabalhar os problemas dentro das relações de cada membro com os outros, resultando na melhor harmonia do grupo como um todo.
Este modelo de terapia baseia-se em um diálogo entre as partes envolvidas promovido pelo terapeuta. Assim, busca-se desenvolver uma comunicação mais assertiva entre todos os integrantes. Esse é o primeiro passo visto que, para resolver os problemas é preciso manter relações onde o respeito seja a base.
Esse diálogo visa aprofundar as raízes dos conflitos e as motivações que levam cada membro a realizar comportamentos destrutivos. Nesse contexto, buscam-se novas alternativas para os problemas existentes; evitando repetir as estratégias usadas até então e que não obtiveram êxito.
Coloca-se em evidência as capacidades da família, ativando a sua participação na resolução do problema.
Dentro da família procuram-se soluções para o crescimento autônomo de cada membro, tendo em vista toda a dinâmica e crescimento emocional da unidade familiar.
Portanto, a intervenção baseia-se na premissa de encontrar soluções breves e satisfatórias para todos os membros utilizando os recursos da própria família.
As situações de crise ou rupturas transformam-se em oportunidades de crescimento. Mobilizam-se forças, a sabedoria e o apoio dentro do sistema familiar.
Como reconhecer que a família está precisando buscar terapia familiar?
Quando existe um sintoma claro em algum membro da família, como depressão grave; dificuldades escolares ou violência física; fica mais evidente que algo não está bem e que a família pode estar precisando de um acompanhamento terapêutico.
Porém, nem sempre estes sinais estão claros, muitas vezes em função de a família estar passando por um momento tão difícil, ela fica adoecida, onde a introspecção é muito presente e cada pessoa foca muito em si, não enxergando os outros.
A questão mais importante a ser observada é o nível de sofrimento que os membros podem estar sentindo. Faça uma reflexão sobre a sua família e observe os seguintes aspectos:
- Desequilíbrio entre a proximidade e o distanciamento entre os membros, por exemplo havendo membros muito aglutinados ou membros brigados/rompidos;
- Falta de colaboração e de abertura para novas experiências, ficando presos em uma rotina rígida e desgastante;
- Dificuldade em abandonar estratégias ineficazes para a resolução de problemas, as repetindo sempre, mesmo que não tenham um efeito positivo. Ou as próprias “soluções” constituem o problema (por exemplo violência física). Assim como, dificuldade para criar novas estratégias.
- Culpabilização de alguém pelos conflitos ou negação de que exista algum problema;
- Pouca flexibilidade para mudanças, reagindo mal a situações inesperadas;
- Diminuição de interações extra familiares, restringindo cada vez mais o círculo de pessoas com quem a família convive e divide momentos;
- Rigidez nas relações e na comunicação, havendo poucas demonstrações de afeto e carinho (alerta-se que demonstrações de afeto podem ser de diversas maneiras – enquanto as pessoas incluídas sentirem-se respeitadas).
Se você percebe que na sua família existe um funcionamento que inclui alguns (ou todos) tópicos citados acima, pode ser importante procurar um terapeuta familiar. São sinais importantes de que existem dificuldades a serem trabalhadas.