Não é de hoje que desejamos ter uma aparência atraente. A vaidade acompanha o ser humano desde que ele existe. Entretanto, essa questão vem sendo tratada cada vez mais com maior importância. Esse fato se percebe no aumento significativo de clínicas de procedimentos estéticos e de cirurgia plástica em todo o país.
A vaidade não surgiu só agora, muitas mulheres já cultivavam como um bem precioso, até mesmo os homens eram mais vaidosos. Com a evolução dos produtos de beleza, das cirurgias plásticas, procedimentos estéticos, remédios e técnicas para emagrecimento, diversificação de modalidades de exercícios físicos, as formas de melhorar a aparência aumentaram muito nos últimos tempos, bem como seus resultados. Com isso, quem tem condições financeiras, tempo e disposição para tais tratamentos consegue uma aparência mais jovem e mais próxima do que hoje se tornou padrão de beleza.
Nos meios de comunicação e nas redes sociais o culto à juventude e à beleza é postado diariamente. Nas novelas, os atores e atrizes são “construídos” para aparentarem perfeição: não possuem celulite, gordura, nem rugas; os cabelos e a pele são impecáveis; os músculos, definidos; os dentes, tão alvos que já não aparentam mais serem naturais.
Há um repúdio às imperfeições. Ou, pelo menos, ao que consideramos como imperfeições. Mas, se a vaidade acompanha o ser humano e temos meios de nos tornarmos mais belos e de retardarmos o envelhecimento do corpo, será que devemos nos preocupar com essa busca?
Existe limite para a vaidade?
Como tudo na vida, se é exagerado, prejudica. Essa busca desenfreada pelo corpo perfeito tem aumentado consideravelmente os casos de bullying entre adolescentes; bem como os índices de depressão e de suicídio. Esse aumento se deve não só à necessidade de atingir um padrão que pode se tornar inatingível (tanto pela limitação financeira quanto pela limitação biotípica de alguns); mas principalmente, devido às carências emocionais, problemas de baixa autoestima, personalidades perfeccionistas e obsessivas que, somados àquela acabam resultando em doenças mentais.
São vários os tipos de sofrimento gerados pela busca incessante pela beleza, tanto físicos, como mentais e emocionais:
-Pessoas obcecadas em atingir um padrão de beleza perfeito, que seguem dietas perigosas que colocam em risco sua saúde;
-Pessoas frustradas e deprimidas por não conseguirem atingir esse padrão;
-Pessoas que têm a autoestima formada em cima da beleza; que se desesperam podendo cometer suicídio quando perdem a beleza por acidente ou envelhecimento;
-Pessoas que se submetem constantemente a procedimentos perigosos que envolvem risco de morte; dentre outros.
Além das doenças e do sofrimento gerados pelo excesso de vaidade física, há a subestimação de atributos outros que não a beleza física e que são mais importantes nas relações: integridade moral, companheirismo, respeito, amor, espiritualidade, saúde, amizade.
Infelizmente muitas pessoas estão cada vez mais voltadas para o que aparentam, do que para o que são na essência. Na medida em que amadurecem, no entanto, percebem que há um esvaziamento de sentido em suas vidas, criado a partir das expectativas infundadas por algo supérfluo e fugaz.
A vaidade tem limites e esses não podem ser somente o bolso.
Cuidar do corpo é saudável quando esse cuidado não é único e exagerado. É preciso, antes de qualquer coisa, que a pessoa se conheça para que valorize todos os aspectos de sua personalidade. Assim, não se tornará refém de demandas e de ofertas que lhe roubem sua integridade física, moral, emocional e espiritual.