Pode se acreditar que um casal em crise seja consequência de traição, doenças graves ou mudança do padrão financeiro. Entretanto, na prática vemos que essas situações, em muitas vezes, fortalecem os casais a partir da superação e aprendizado que proporcionam, ao contrário do que inicialmente se pensa.
São as pequenas coisas do dia a dia que deterioram e ocasionam no casal em crise. As palavras duras ou irônicas, as críticas, as humilhações veladas, a falta de atenção e a subjugação do cônjuge são pequenas doses de veneno que matam aos poucos o respeito, o carinho, a admiração e o amor.
Quando o respeito é abalado, os sentimentos amorosos vão cedendo lugar a sentimentos de vingança e de raiva. O cônjuge se torna o depositário das frustrações; uma ameaça que deve ser combatida, mas que ao mesmo tempo desperta sentimentos de culpa e lembranças de carinho e cumplicidade que eventualmente existem ou que já existiram. Muitas vezes o cônjuge verbaliza que ama e odeia o (a) companheiro (a), porque os sentimentos se tornam ambivalentes.
Nesse panorama de sentimentos ambivalentes, ora amorosos, ora destruidores, o cônjuge se depara com suas próprias expectativas frustradas de carreira; de situação econômica; de querer ser mãe ou pai perfeito; de querer ser marido ou esposa perfeita e ao invés de buscar cumplicidade no outro, volta-se contra ele em forma de competição.
Dessa forma, as disputas começam ou são acirradas de tal forma que as conquistas individuais, por menores que sejam, passam a representar ameaças entre os cônjuges, gerando competições e minando a relação. Há disputa por receber mais o carinho e atenção dos filhos; por quem ganha mais dinheiro; quem estuda mais e até por quem “vence” mais discussões.
Quanto mais o tempo passa, mais abrangente se torna a competição. O que começou de uma forma mais sutil tende a atingir uma dimensão agressiva verbal ou fisicamente. Assim, o respeito e a admiração pelo cônjuge vão diminuindo cada vez mais. Portanto, podem atingir um ponto em que o resgate do relacionamento se torne muito difícil.
Algumas pessoas deixam o tempo passar na esperança de que com o passar dos anos as coisas acalmem. No entanto, a tendência é de aumentarem as discórdias e diminuir a autoestima de um ou mais de um envolvido na relação, podendo abranger os filhos, inclusive. O ideal é que se procure ajuda assim que sejam percebidas tendências destrutivas na relação.
Psic. Sandra Arreal – CRP 07/12064
Psicóloga Clínica, em formação em Técnicas de Revivência Transpessoal