Falar de estresse todo mundo fala – mas pouca gente sabe o que, de fato, é esse mal.
As pessoas usam essa palavra para dizer que o dia foi corrido, com um monte de coisas para fazer, mas isso não necessariamente gera sinais de estresse, um mecanismo fisiológico sem o qual nem o ser humano nem os animais teriam sobrevivido até os dias de hoje.
Quando nossos ancestrais se deparavam com situações de perigo, como o encontro inesperado com um animal, precisavam defender-se – seja atacando ou fugindo. Assim, as duas reações possíveis demandam uma série de ajustes do corpo. O batimento cardíaco acelera porque tem que bombear mais sangue, os músculos precisam receber mais energia, há um aumento da respiração e da pressão arterial, entre outras coisas.
Atualmente, vivendo em cidades e enfrentando problemas bem diversos dos da selva – como pressões para atingir metas –, o corpo continua preparando-nos para lutar ou fugir quando nos sentimos ameaçados. Mas, em geral, não partimos para a briga física, nem saímos em disparada. E toda a adrenalina, por exemplo, liberada em nosso sangue, fica sem função.
Sinais
Ninguém adoece, devido ao estresse, de um dia para o outro . E o próprio corpo avisa que as coisas não vão bem, basta prestar atenção. Confira alguns sinais que podem indicar estresse:
Sensação de desgaste constante;
Alteração de sono (dormir demais ou pouco);
Tensão muscular;
Formigamento (na face ou nas mãos, por exemplo);
Problemas de pele;
Hipertensão;
Mudança de apetite;
Alterações de humor;
Perda de interesse pelas coisas;
Problemas de atenção, concentração e memória;
Ansiedade;
Depressão;
Causas
Os chamados estressores podem ser:
Internos: da própria pessoa, ligados a características de personalidade, como perfeccionismo, pressa, querer fazer tudo ao mesmo tempo.
Externos: do ambiente. Mudanças em geral, até mesmo as positivas, desencadeiam estresse – porque exigem uma adaptação. Assim, são grandes fatores estressantes externos, por exemplo: o nascimento de um filho, mudanças profissionais (troca de emprego, promoção, demissão), aposentadoria, mudança de casa, divórcio, doença ou morte de pessoas queridas. Mas há também os pequenos, como o trânsito, que pode acabar tendo um peso importante para muitas pessoas.
Quão estressante é um fator depende sempre do fator em si e da forma que a pessoa lida com ele. Veja o potencial estressante de algumas situações, sendo 100 o maior possível*.
morte do cônjuge – 100
divórcio – 73
prisão – 63
morte de um parente querido – 63
casamento – 50
demissão do trabalho – 47
aposentadoria – 45
reconciliação conjugal – 45
gravidez – 40
grandes conquistas pessoais – 28
problemas com o chefe – 23
férias – 13
*Fonte: The Social Readjustment Rating Scale, dos psiquiatras Thomas H. Holmes e Richard H. Rahe, ambos da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
Como evitar e tratar
É bom lembrar que estresse todo mundo tem, mas até certo ponto. No dia-a-dia, situações diversas apresentam-se para as pessoas, que se adaptam a elas. É preciso ter estresse para poder viver. No entanto, há problema quando ele se torna excessivo, quando supera a capacidade de adaptação da pessoa ou quando ele persiste por muito tempo.
Certamente, algumas atitudes simples podem evitar ou amenizar o estresse: dormir direito, cuidar da saúde alimentar-se de forma saudável, fazer atividades físicas, proporcionar-se momentos de prazer, refletir sobre a maneira de lidar com as situações e buscar mudanças. Se com esses cuidados a própria pessoa não conseguir controlar os níveis de estresse, deve procurar ajuda profissional.
Três procedimentos ajudam a tratar o estresse:
1) identificar os estressores
2) aumentar a resistência pessoal a ele
3) quando for possível, eliminá-lo
No tratamento, o psicólogo ajuda o paciente a encontrar formas de contornar os estressores que não podem ser mudados. Se meu problema é o trânsito, vou tentar horários, rotas alternativas. Se não tenho escolha, não vou ficar dentro do carro chorando e gritando. Eu posso aproveitar esse tempo para ouvir música, uma fita de idiomas, ler alguma coisa enquanto está parado. Precisamos resolver o que fazer com o problema.
Já os estressores internos, aqueles que são resultado de características de personalidade, requerem um trabalho maior. Ninguém muda com pequenas dicas, e psicoterapia pode ser necessária. Quando o jeito de lidar com as coisas é problemático, é aconselhável procurar um psicólogo.
Importante: em nenhum momento deve-se lançar mão da automedicação. Não existe medicação para tratar estresse. Alguns médicos prescrevem complexos vitamínicos. Se o estresse for crônico e evoluir para um estado depressivo ou ansioso, encaminhamos para avaliação de um psiquiatra.