A violência doméstica tem suas consequências enormes e muito relativas. A pessoa vítima de violência adoece, a pessoa vítima de violência doméstica adoece muito mais. ?
A família é o porto seguro, o lugar onde toda pessoa volta quando precisa de ajuda, amparo, proteção e força. É lá que vivemos as primeiras experiências de nossas vidas, constituímos quem somos, o valor que temos, para que servimos, quais nossas capacidades, portanto é o primeiro relacionamento que estabelecemos com o mundo.
Tudo que a gente passa na infância, fica marcado na adolescência e na idade adulta; interferindo diretamente na nossa forma de ser, pensar e agir.
Mas e quando esse núcleo familiar, ao invés de cuidar, torna-se um agressor?
Existem várias formas de abuso: física, verbal, emocional, sexual, econômica, religiosa. Portanto, as consequências são proporcionais ao período de exposição. Alguém que foi agredido um único episódio tem mais condições de superação do que pessoas que ficaram expostas longos períodos aos maus tratos.
O que se sabe é que a mente sofre influencia direta quando submetida a situações de violência doméstica. Do mesmo modo, forma crenças, pensamentos, sentimentos e comportamentos que não são saudáveis. Os reflexos surgem tanto no momento em que a agressão ocorre como posteriormente ao longo da vida.
? Nota-se uma autoestima prejudicada, dificuldades de confiança, problemas de aprendizagem, sentimentos de rejeição, medo, raiva, autoritarismo e negligência como os principais sinais em vítimas de violência doméstica. Afinal, a revolta é um dos enfrentamentos mais esperados diante desse tipo de situação, sendo pior ainda aqueles jovens e crianças que crescem passivos e anulados frente a agressão.
No entanto, não se pode atribuir uma causa direta e totalmente determinante a formação da personalidade em vítimas de maus tratos e violência doméstica no sentido de que eles irão necessariamente reproduzir esse crimes, tornando-se futuros agressores também. O que se observa é a incidência de muitos agressores que também foram vítimas de violência doméstica. Ocorre, nesses casos, a repetição como uma tendência, um padrão familiar.
Infelizmente essa é uma dura realidade que acomete muito mais vítimas a cada dia, no mundo todo. É o tipo de violência mais difícil de ser relatada por se tratar de pessoas da própria família; acaba por se perpetuar através de gerações.
A responsabilidade, no entanto, não é só da família, mas uma questão social. Quantos pais, familiares, educadores, amigos, colegas, vizinhos se tornam cúmplices ou permissivos diante de situações de abuso ou violência doméstica?
Vale lembrar de casos isolados, e excepcionais, guiados pela força da resiliência. Indivíduos que conseguem superar as adversidades e se tornar pessoas melhores.
Há seres especiais que amadurecem apesar da dor, que conseguiram de alguma forma buscar ajuda, sair desse ciclo de violência e cicatrizar feridas. Não que a violência doméstica deixe marcas menos profundas. No entanto, vemos que algumas pessoas adquirem capacidades de enfrentamento e superação diferentes.